Alta nas carnes

Preço das carnes continuará subindo em 2025

Especialistas apontam aumento impulsionado pelo ciclo pecuário, exportações elevadas e mudanças no consumo interno.

Carnes - Design by Freepik
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  • Expectativa de alta de 8% devido à redução no abate de fêmeas e ao ciclo pecuário
  • Câmbio elevado e forte demanda externa impulsionam os preços da carne
  • Consumo interno deve cair de 6% a 7%, com migração para carnes mais baratas
  • Preços de frango e carne suína devem subir 5,5% e 5,9%, respectivamente, com maior demanda

Os preços das carnes bovina, suína e de frango devem continuar subindo em 2025. Ainda, com tendências distintas para cada tipo de carne, segundo especialistas do setor.

A carne bovina lidera o aumento, sendo impulsionada pela mudança no ciclo pecuário. E, pelo aumento contínuo das exportações, enquanto as carnes de frango e suína devem registrar elevações mais modestas.

Mudança no ciclo pecuário

De acordo com João Fernandes, economista da Quantitas, a mudança no ciclo pecuário será o principal fator responsável pelo aumento dos preços da carne bovina.

Em 2025, o abate de fêmeas deve diminuir, uma tendência que já começou a se manifestar no final de 2024.

Essa dinâmica, explicada por Fernandes, tende a continuar ao longo de 2025 e aumentar o preço da arroba do boi. Principalmente no segundo semestre, quando os preços podem superar os R$ 350.

A previsão é de um aumento de 8% no preço da carne bovina no próximo ano, com a alta sendo sustentada pela diminuição da oferta interna e pelo aumento das exportações.

Exportações elevadas

A exportação de carne bovina tem mostrado números sólidos. Em 2024, o Brasil exportou 2,948 milhões de toneladas até novembro, um aumento de 30,84% em comparação ao ano anterior, de acordo com a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).

A demanda externa, especialmente da China e dos Estados Unidos, continua aquecida.

Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), afirma que o Brasil tem uma oferta de carne competitiva, o que mantém a demanda externa em alta, mesmo com os outros países enfrentando escassez de produção.

A alta do dólar, que ultrapassou os R$ 6, torna as exportações ainda mais atrativas, o que acaba reduzindo a oferta interna e elevando os preços da carne no mercado doméstico.

Diminuição do consumo interno

Embora a carne bovina sofra um aumento de preços, espera-se uma queda no consumo interno, especialmente no segundo semestre de 2025.

Wagner Yanaguizawa, analista de proteína animal do Rabobank, prevê que o consumo de carne bovina cairá de 6% a 7% devido ao aumento dos preços e ao impacto no poder de compra dos consumidores.

Muitos deverão migrar para proteínas mais acessíveis, como o frango e a carne suína. Em contrapartida, as carnes de frango e suína devem registrar uma alta de 5,5% e 5,9%, respectivamente, impulsionadas pela maior demanda no mercado interno e pelos preços elevados da carne bovina.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) projeta um aumento de 2,2% no consumo per capita de carne de frango em 2025, alcançando 46,6 quilos, enquanto o consumo de carne suína deve permanecer estável em 19 quilos.

A exportação dessas proteínas também terá impacto no mercado interno, pois os preços se ajustam para garantir a competitividade das carnes brasileiras no exterior.

Ajustes e margens

Com a carne bovina mais cara, as proteínas de frango e suína devem se beneficiar de uma maior margem de lucro, aproveitando a migração dos consumidores para essas opções mais acessíveis.

As indústrias dessas carnes terão mais flexibilidade para ajustar seus preços, conquistando uma maior fatia do mercado. Fernandes, da Quantitas, destaca que a melhoria das condições do mercado de trabalho e o aumento da renda no início de 2025 ajudarão a sustentar o consumo, especialmente nas proteínas mais acessíveis.

Assim, o cenário de aumento para as carnes em 2025 será misto, com cada tipo de carne enfrentando suas particularidades. Mas com uma tendência geral de alta nos preços.

Esse movimento contínuo de aumento de preços, impulsionado por fatores internos e externos, exigirá ajustes tanto na oferta quanto na demanda. Assim, o que impactará diretamente o comportamento do mercado em 2025.