
- Magda Chambriard defendeu os investimentos elevados da Petrobras, destacando que eles gerarão valor real à companhia e não prejudicarão os dividendos
- A presidente afirmou que não houve ingerência do governo federal na gestão da Petrobras e que a empresa tem liberdade para tomar decisões estratégicas
- A Petrobras segue focada no petróleo, mas também investe em energias renováveis para garantir um futuro sustentável e diversificado para a empresa
Após o impacto nas ações da Petrobras, que caíram até 9% na B3, motivado pelo aumento de 31% nos investimentos da empresa para 2024, a presidente Magda Chambriard veio a público esclarecer a estratégia por trás da decisão e destacar que o governo federal não interferiu na gestão da companhia.
“Nossos investimentos são prioridade porque geram valor real, com retornos acima do custo de capital”, afirmou Magda
Em entrevista à Folha de S. Paulo, ela defendeu que esses investimentos são cruciais para o crescimento da Petrobras, com foco em retornos acima do custo de capital e a geração de valor real para a companhia.
“O Estado brasileiro deseja uma Petrobras saudável e rentável, assim como nós desejamos. Aí está nosso interesse comum”, afirmou.
Aumento de investimentos
O mercado ficou em choque com o anúncio de um aumento substancial nos investimentos da Petrobras para 2024, especialmente considerando o impacto que isso poderia ter nos dividendos da empresa.
A alta de 31% foi vista como um risco, e as ações da estatal caíram significativamente no dia seguinte à divulgação do balanço. No entanto, Magda explicou que a decisão de antecipar pagamentos foi estratégica para corrigir um descompasso entre o fluxo financeiro e a execução das obras de plataformas.
Ela garantiu que a Petrobras não repetirá em 2025 os volumes de investimentos previstos para este ano. Magda afirmou que o ajuste foi concluído e ressaltou que a empresa não quer manter caixa ocioso, distribuindo R$ 9,1 bilhões aos acionistas, metade do valor inicialmente previsto.
“Nós conseguimos abrasileirar os preços dos combustíveis. Tínhamos o objetivo de não repassar para os consumidores a volatilidade dos preços internacionais do petróleo nem a flutuação do câmbio e praticar, ao mesmo tempo, preços competitivos. Acredito que alcançamos esse objetivo”, afirmou.
Governança independente
Durante a entrevista, a presidente destacou que, embora exista uma interseção entre as políticas públicas do governo federal e a estratégia comercial da Petrobras, não houve ingerência na gestão da empresa.
Magda defendeu o protagonismo da Petrobras no desenvolvimento econômico do Brasil, em especial no apoio à indústria naval e offshore, que também estão entre as prioridades do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
“É uma iniciativa ganha-ganha: o governo vê prosperar seu desejo de reativar a indústria naval e offshore nacional, e a Petrobras tem como benefício o acesso a um mercado fornecedor próximo às suas operações, o que nos traz benefícios de custo, logística e para acompanhamento das obras”, disse.
Magda ainda frisou que, desde sua posse em maio de 2024, a Petrobras tem tido total liberdade para gerir a empresa. E, dessa forma, tomar decisões estratégicas para garantir a saúde financeira da estatal.
“Desde que assumi a Petrobras, em maio de 2024, eu e a diretoria temos tido total liberdade para gerir a empresa e tomar as decisões da forma que entendemos serem mais eficazes para a saúde financeira e o desenvolvimento da companhia”, afirmou.
“Nós refinamos grande parte do combustível que vendemos e temos uma extensa estrutura de transporte de derivados, espalhada por todo o país, em diferentes modais. Essas são vantagens da Petrobras em relação aos concorrentes que suportam a manutenção da nossa posição no mercado e não podem ser ignoradas na formação de preço”, disse a presidente da estatal.
Ela assegurou que, apesar das pressões políticas, a empresa segue focada em seu planejamento estratégico. E, contudo, que o governo brasileiro deseja uma Petrobras saudável e rentável, alinhada aos interesses da nação.
Transição energética e futuro da Petrobras
Outro ponto crucial abordado por Magda foi a questão da transição energética. A presidente reconheceu a necessidade de diversificação das fontes de energia, mas reafirmou a relevância do petróleo na matriz energética global.
“Não há retrocesso”, declarou, destacando que a Petrobras segue investindo em fontes renováveis, como etanol, hidrogênio verde e energia solar, enquanto mantém o foco no petróleo como base da operação da empresa.
“Estamos caminhando para um futuro de diversidade energética e esse movimento é irrefreável. Mas ele não será possível sem a presença ainda relevante do petróleo na matriz energética mundial.”
Além disso, Magda garantiu que a Petrobras continuará a investir em novas fronteiras exploratórias de petróleo, como no caso da Bacia da Foz do Amazonas, uma área estratégica para o futuro da empresa, para reposição das reservas do pré-sal. Ela acredita que o Ibama concederá a licença para a perfuração do poço ainda este ano, após o cumprimento de todas as exigências.
“Estamos em diálogo permanente com o Ibama e cumprindo todas as exigências estabelecidas, como sempre fizemos”, afirmou.
“O que estamos prevendo para as águas profundas do Amapá é a maior estrutura de resposta a emergência do mundo. Em 45 anos atuando nessa indústria, eu nunca vi algo tão grande para salvaguarda das operações.”