As previsões do Financial Times para 2025: Guerra, economia e tecnologia

O Financial Times acertou a maioria das previsões em 2023, com destaque para o aumento de mais de 20% do S&P 500, impulsionado por grandes ações de tecnologia, e a ausência de apagões na Europa
A guerra entre Israel e Hamas, o conflito Rússia-Ucrânia e as tensões entre China e Taiwan continuam sendo temas centrais nas previsões do Financial Times, refletindo um cenário de crescente instabilidade global
A grande dúvida do ano continua sendo a possibilidade de Donald Trump voltar à presidência dos EUA, um tema que divide os analistas, enquanto as questões políticas internacionais seguem desafiadoras e imprevisíveis

A previsão anual do Financial Times (FT), que antes era uma atividade mais leve e especulativa, tem se tornado um exercício cada vez mais sério. Assim, refletindo um mundo imerso em questões de guerra, paz e incertezas econômicas.

Para o ano de 2025, as previsões de especialistas e analistas do FT abrangem desde os conflitos geopolíticos em andamento, como a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, até questões econômicas complexas como taxas de juros nos Estados Unidos. Além do futuro do mercado de criptomoedas.

Guerra tarifária e a volta de Trump

Entre os tópicos mais comentados está a possibilidade de uma guerra tarifária entre os Estados Unidos e outros países. De acordo com Alan Beattie, a administração de Donald Trump, retornando à Casa Branca, deverá impor tarifas de pelo menos 10% sobre metade das importações dos Estados Unidos até o final de 2025.

Os países mais afetados serão, sem surpresa, a China, com cerca de 15% das importações totais dos EUA, o México e o Canadá, que juntos representam aproximadamente 30%.

Embora ninguém possa prever com precisão as ações de Trump, as previsões indicam que ele provavelmente estará mais interessado no poder político e nos recursos gerados pelas tarifas do que em revogá-las. Dessa forma, o que poderia criar um ambiente de maior tensão econômica.

Ucrânia e Rússia: um acordo de paz?

Outro grande tema que marcará 2025 é o conflito entre a Ucrânia e a Rússia. Apesar de o cenário continuar incerto, as previsões indicam que, com uma pressão crescente de sanções e uma intensificação no apoio militar dos EUA à Ucrânia, poderá surgir uma solução de compromisso entre os dois países.

Segundo Ben Hall, a Ucrânia poderá concordar com um controle de fato, mas não de jure, das áreas ocupadas pela Rússia, com troca de territórios em troca de garantias de segurança europeias. Contudo, a adesão da Ucrânia à OTAN será adiada por enquanto, em uma tentativa de garantir um equilíbrio na região sem inflamar ainda mais os conflitos.

Taxas de juros e a economia global

No campo econômico, a previsão sobre as taxas de juros nos Estados Unidos é um tema de grande atenção. O economista chefe do FT, Martin Wolf, acredita que, ao contrário do que muitos previam, as taxas de juros americanas não cairão em 2025.

Embora se espere uma leve diminuição na taxa de juros, o cenário econômico instável, agravado pelas políticas fiscais de Trump e pelo aumento da inflação, levará o Federal Reserve a adotar uma postura cautelosa.

Além disso, enquanto a economia dos EUA enfrenta um crescimento inflacionário impulsionado por tarifas e cortes de impostos, outras economias como a da Zona do Euro deverão continuar a ajustar suas próprias políticas monetárias.

O futuro das criptomoedas e a revolução do AI

Em um campo mais tecnológico, as previsões sobre o mercado de criptomoedas também geram grande expectativa. O preço do Bitcoin, que superou a marca de 100 mil dólares em 2024, pode atingir a marca de 200 mil dólares em 2025. Assim, impulsionado pela adoção crescente de criptomoedas tanto por indivíduos quanto por empresas.

O apoio de uma administração americana mais favorável ao setor cripto e a diminuição das ações legais contra empresas do setor poderão fazer com que o mercado de criptomoedas se torne ainda mais acessível e integrado ao sistema financeiro global.

Além disso, o mercado de inteligência artificial (IA) está pronto para uma revolução com os chamados “agentes de IA”.

Estes softwares, que podem realizar tarefas digitais em nome dos usuários, como preencher formulários e compor e-mails, deverão se tornar comuns em nossos dispositivos móveis e navegadores.

Grandes empresas como Google, Microsoft e OpenAI estão preparando novos lançamentos de IA. Assim, o que pode transformar a forma como interagimos com a tecnologia no dia a dia.

Macron, Netanyahu e a Guerra no Sudão

Outros pontos críticos das previsões de 2025 incluem a estabilidade política da França, onde Emmanuel Macron, apesar de um segundo mandato enfraquecido, provavelmente permanecerá no cargo. E, ainda, o impacto da política externa dos Estados Unidos, particularmente na relação com Israel e o Irã.

Embora Israel seja tentado a atacar as instalações nucleares iranianas, a previsão é de que os EUA não autorizarão tal ação devido aos riscos de uma guerra em larga escala.

Por fim, a guerra no Sudão, que continua a se arrastar sem perspectivas de paz, será uma tragédia prolongada em 2025. A luta pelo poder entre diferentes facções internas, apoiadas por potências externas, continuará a devastar o país. Ainda, com milhões de pessoas deslocadas e à beira da fome.

Principais temas abordados de 2024 no Financial Times:

Previsões sobre 2024: O Financial Times acertou as principais previsões em 2023, destacando o aumento inesperado do S&P 500. Além da ausência de apagões na Europa.
Entretanto, houve erros, como a previsão de uma crise de inadimplência na África, que não se concretizou, embora a Etiópia tenha sido uma exceção.
Conflitos e tensões geopolíticas: O cenário internacional segue marcado por conflitos. Ainda, com foco na guerra Israel-Hamas, o conflito Rússia-Ucrânia e as tensões entre China e Taiwan. A probabilidade de uma guerra regional se intensificar ainda mais, preocupa especialistas.
Perspectivas econômicas e políticas: A corrida eleitoral nos EUA, especialmente sobre a possibilidade de Donald Trump voltar à presidência, continua sendo uma grande incerteza. Além disso, questões econômicas globais, como o crescimento da economia chinesa, o futuro das taxas de juros no Japão e a evolução das energias renováveis, seguem como temas centrais para 2024.

Acertos

Aquecimento global: 2024 se confirma como um dos anos mais quentes já registrados, superando 2023. Ainda, devido à continuidade do fenômeno El Niño e suas consequências climáticas globais.
Keir Starmer como primeiro-ministro do Reino Unido: Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, ascende ao cargo de primeiro-ministro. Contudo, frente à divisão e exaustão do Partido Conservador.
Soft landing da economia americana: A economia dos EUA mantém uma trajetória de suavização da desaceleração. Assim, com inflação controlada e crescimento econômico moderado, embora alguns riscos ainda se mantenham no horizonte.
Financiamento dos EUA e UE à Ucrânia: Tanto os Estados Unidos quanto a União Europeia continuam a fornecer apoio financeiro e militar à Ucrânia. Apesar das divisões políticas internas e desafios logísticos.
Reeleição de Ursula von der Leyen: Ursula von der Leyen consegue garantir um segundo mandato como presidente da Comissão Europeia. Apesar dos desafios com algumas lideranças populistas e a pressão por mais reformas internas.
Argentina não dolariza a economia: A previsão de que a Argentina não adotaria o dólar como moeda oficial se confirma. Dessa forma, com o governo optando por outras estratégias econômicas, como a depreciação controlada da moeda local.

Erros

Falência de grandes empresas: Algumas previsões apontavam para uma onda de falências, especialmente em setores financeiros, mas não se concretizou o colapso esperado de grandes corporações.
Banco Central Japonês não aumentaria taxas de juros: A expectativa de que o Banco Central do Japão manteria as taxas de juros negativas se mostrou equivocada. Já que em 2024 houve a mudança de política monetária, com um eventual aumento nas taxas de juros.
Donald Trump eleito presidente: Apesar das previsões de retorno triunfal de Donald Trump à presidência dos EUA, os cenários políticos e jurídicos não favorecem sua vitória. Dessa forma, mantendo a disputa mais incerta e polarizada do que o esperado.

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