Energia limpa

Projeto chinês bilionário promete reduzir custo da energia e acabar com cortes no Brasil

Linha de transmissão da State Grid ligará o Nordeste ao Centro-Oeste e pode mudar o jogo do setor elétrico brasileiro até 2030.

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Crédito: Depositphotos
  • Projeto chinês de R$ 23 bilhões conectará o Nordeste ao Centro-Oeste, reduzindo desperdícios e cortando custos.
  • Linha de 1.468 km em ultra alta tensão deve entrar em operação até março de 2030.
  • ONS prevê barateamento da energia e uso de baterias para estabilizar o sistema nos horários de pico.

Um novo megaprojeto de infraestrutura energética está prestes a alterar o mapa da distribuição elétrica no Brasil. Sendo assim, a empresa chinesa State Grid Brazil Holding (SGBH) iniciou as obras da chamada linha de Ultra Alta Tensão no Nordeste, com investimento previsto de R$ 23 bilhões.

Nesse sentido, a iniciativa conectará a geração renovável do Nordeste ao Centro-Oeste e promete reduzir os cortes de geração — os chamados curtailments — e até baratear a energia para milhões de brasileiros.

Conexão estratégica entre regiões

Batizado de “Projeto Gate”, o empreendimento conectará as cidades de Graça Aranha (MA) e Silvânia (GO), com passagem por Tocantins. A obra inclui uma linha de transmissão de 1.468 km em corrente contínua de 800 kV e duas estações conversoras em corrente alternada. Assim, a capacidade instalada será de 5 milhões de quilowatts, volume suficiente para abastecer uma metrópole como São Paulo em horários de pico.

Ademais, a cerimônia de lançamento foi realizada nesta segunda-feira (30), com presença de autoridades e executivos da empresa. Então, o diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Márcio Rea, afirmou que o projeto “vai aliviar os cortes de geração no Nordeste e aproveitar melhor a energia disponível”.

Desse modo, com essa nova rota de escoamento, o Brasil poderá transferir energia limpa produzida em horários de baixa demanda para regiões com maior consumo. Isso ajudará a evitar desperdícios e reduzir a necessidade de acionar usinas térmicas, mais poluentes e caras.

Impacto econômico e ambiental positivo

Um dos principais efeitos esperados é a redução do custo médio da energia, especialmente no Centro-Oeste. Com o sistema atual, parte da energia gerada por fontes renováveis no Nordeste acaba sendo descartada por falta de capacidade de transmissão. Agora, essa realidade tende a mudar.

Ademais, segundo Rea, o Centro-Oeste pode se beneficiar com preços mais baixos, já que boa parte da energia disponível hoje provém de usinas térmicas, cujo custo operacional é elevado. “Geralmente acaba sendo um pouco mais barato. A energia mais cara vem das térmicas. A gente acha que isso vai melhorar um pouco”, explicou o diretor do ONS.

Além disso, o governo já estuda a aquisição de baterias para armazenar o excedente de energia solar durante o dia e distribuí-lo entre 16h e 20h — horário em que a produção solar cai drasticamente. Portanto, essa estratégia ajudaria a manter a estabilidade do sistema mesmo em dias de baixa irradiação.

Entrega antecipada e ambição chinesa

O cronograma oficial prevê a conclusão das obras até o fim de 2029, com início da operação em março de 2030. No entanto, os executivos da SGBH demonstram otimismo com a possibilidade de antecipação. O diretor técnico da Gate, Paulo Zerbarti, afirmou que a meta é ousada, mas factível.

“A gente está trabalhando forte para até trazer antes. A ideia é diminuir o curtailment e aproveitar o máximo da energia limpa do Nordeste”, destacou Zerbarti. Logo, o contrato de concessão firmado com o governo brasileiro terá duração de 30 anos.

Em suma, o investimento reforça a presença estratégica da China no setor de infraestrutura brasileiro. Desse modo, além da transmissão de energia, a State Grid atua em geração e distribuição e já soma aportes bilionários em diversos estados do país.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.