Forte rejeição

Protestos em todas as capitais isolam PEC da Blindagem no Senado

Protestos em todas as capitais, com artistas e movimentos sociais, colocaram o Legislativo sob pressão e ampliaram a resistência à anistia e à blindagem parlamentar.

Protestos acontecem no Recife – Foto Ricardo Fernandes / Folha de Pernambuco
Protestos acontecem no Recife – Foto Ricardo Fernandes / Folha de Pernambuco
  • Manifestações em todas as capitais reuniram cerca de 80 mil pessoas apenas no Rio e em São Paulo, em protesto contra a PEC da Blindagem e o projeto da anistia.
  • O Senado já sinaliza rejeição à blindagem para parlamentares, com relator e presidente da CCJ prometendo enterrar a proposta.
  • A Câmara enfrenta pressão direta, enquanto busca limitar a anistia, mas aliados de Bolsonaro ainda tentam incluir o ex-presidente no alcance do texto.

Manifestações reuniram milhares de pessoas no domingo (21), com artistas e movimentos sociais, ampliando a pressão sobre deputados e senadores que articulam propostas polêmicas.

O Senado já sinaliza que deve rejeitar a blindagem a parlamentares, enquanto cresce a resistência à anistia para condenados do 8 de janeiro.

Mobilização nacional desafia Congresso

No domingo, manifestações em todas as 27 capitais do Brasil levaram multidões às ruas contra a PEC da Blindagem e o projeto de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro. Em São Paulo e no Rio, os atos reuniram cerca de 80 mil pessoas, com artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil liderando performances de protesto.



A pauta ganhou força após a aprovação da urgência para o projeto da anistia na Câmara. A mobilização também atacou parlamentares do Centrão e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusados de articular medidas que favorecem a impunidade.

Segundo monitoramentos independentes, o número de manifestantes se equiparou a protestos recentes organizados pela direita, aumentando a pressão política sobre o Legislativo.

Senado promete sepultar PEC da Blindagem

Enquanto a Câmara aprovou a urgência da anistia, no Senado o clima é de rejeição. O relator da proposta, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), afirmou que recomendará a derrota do texto já nesta quarta-feira (24). O presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD-BA), também disse que pretende “enterrar” a proposta, chamando-a de “um tapa na cara da sociedade”.

Para parlamentares da oposição à PEC, o texto está fora de sintonia com a população, sobretudo após a reação nas ruas. Assim, o argumento é de que a medida criaria uma blindagem ampla contra processos criminais e dificultaria punições, ampliando a sensação de impunidade.

Desse modo, a análise da CCJ será o primeiro passo para definir o destino da proposta no Senado, e a expectativa é de um embate direto entre governo e Centrão.

Os protestos foram marcados pela presença de figuras públicas, o que ampliou a repercussão. Em Salvador, Daniela Mercury e Wagner Moura discursaram em cima de trios elétricos, enquanto em Brasília, um boneco inflável de Bolsonaro com mãos manchadas de sangue chamou atenção.

Além disso, na Avenida Paulista, em São Paulo, manifestantes estenderam uma bandeira gigante do Brasil em resposta a atos bolsonaristas recentes. Já em Copacabana, artistas cantaram hinos históricos de resistência, como Cálice e Podres Poderes.

Portanto, para analistas políticos, a adesão de personalidades culturais aumenta o alcance das mobilizações, projetando o tema para além da militância tradicional.

Câmara sente pressão e busca saída para anistia

Na Câmara, o relator do projeto da anistia, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), tenta construir um texto “consensual” que reduza penas sem oferecer perdão amplo. O parlamentar já adiantou que não atenderá a demandas de aliados de Bolsonaro para incluir o ex-presidente no alcance da medida.

Ademais, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tornou-se alvo direto dos protestos, especialmente em seu estado de origem. Manifestantes gritaram “fora, Motta”, pressionando-o a rever o andamento da pauta.

Por fim, nas redes sociais, o presidente Lula afirmou que as manifestações deixam claro que a sociedade não aceita impunidade e espera que o Congresso foque em medidas que beneficiem diretamente a população.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.