Fundos da Petrobras

PT indica ex-tesoureiro Vaccari para fundo da Petros; Conselheiros criticam

O Conselho Deliberativo da Petros busca garantir maior controle sobre decisões sensíveis no fundo de pensão da Petrobras.

Imagem/Reprodução: PT logo
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  • O Conselho Deliberativo da Petros busca transferir para o colegiado decisões sobre gestores e corretoras, evitando ingerências externas
  • A proposta vem após a nomeação de Gustavo Gazaneo, indicado por João Vaccari Neto, levantando preocupações sobre influência política
  • A resolução proíbe investimentos em ativos arriscados como FIPs e COEs, para evitar prejuízos
  • A diretoria executiva deve avaliar mudanças na equipe de investimentos e carteiras, garantindo maior controle

O Conselho Deliberativo da Petros, fundo de pensão da Petrobras, iniciou na noite da última quarta-feira (18) uma série de discussões sobre uma proposta de resolução que visa restringir os poderes da Diretoria de Investimentos.

O principal objetivo é transferir ao colegiado a palavra final sobre questões estratégicas. Bem como, trocas de gestores e mudanças nas corretoras, em uma tentativa de evitar ingerências externas nas decisões financeiras do fundo.

A proposta tem como alvo proteger a independência da área de investimentos da Petros e garantir que os rumos da instituição não sejam influenciados por questões políticas. Dessa forma, como aconteceu em episódios passados, quando o fundo sofreu prejuízos bilionários devido a investimentos questionáveis, incluindo a falência da Sete Brasil.

Nomeação

A Petros propôs a resolução pouco mais de dez dias após aprovar a nomeação de um novo diretor indicado por João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT. E, no entanto, figura central em escândalos de corrupção investigados pela Operação Greenfield e pela Lava-Jato.

Vaccari, que esteve preso de 2015 a 2019, foi condenado por envolvimento em esquemas que causaram o rombo bilionário em fundos de pensão.

A recente nomeação de um aliado seu, Gustavo Gazaneo, para um cargo importante na Petros reacendeu preocupações sobre uma possível retomada de práticas que levaram a perdas bilionárias em investimentos do fundo.

Gazaneo, que atualmente ocupa um cargo na Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), foi favorecido em um processo seletivo. No entanto, em que outros candidatos com mais experiência na área de investimentos foram preteridos.

Forte influência do Governo Lula

O ex-tesoureiro tem exercido forte influência sobre fundos estatais no atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva, sendo associado a mudanças estratégicas no controle de estatais, incluindo a Petrobras.

A pressão para nomear Gazaneo como diretor de Investimentos na Petros não se limitou a Vaccari. Mas, também envolveu membros da própria Petrobras, especialmente o diretor financeiro da empresa, Fernando Melgarejo. Co ntudo, que teria intercedido junto aos conselheiros indicados pela estatal para garantir o voto favorável à indicação.

O fundo de pensão Petros, que conta com seis conselheiros, sendo metade indicada pelos patrocinadores (Petrobras e Transpetro) e a outra metade pelos participantes, enfrenta um momento delicado.

Os conselheiros estão particularmente atentos à possibilidade de repetição dos erros cometidos no passado. Como os investimentos malsucedidos na Sete Brasil, que resultaram em perdas estimadas em cerca de R$ 5,5 bilhões.

Esse escândalo é um dos mais emblemáticos da história recente do fundo. No entanto, o fundo também sofreu com outros investimentos investigados pela Operação Greenfield, que revelou o desvio de recursos de fundos de pensão em esquemas envolvendo o governo federal.

Proposta de resolução

Diante desse cenário, a proposta de resolução visa evitar que a Diretoria de Investimentos da Petros tome decisões unilaterais. Principalmente no que diz respeito à aplicação de recursos em fundos de investimento em participações (FIPs), que foram uma das modalidades mais controversas envolvidas na Greenfield.

O objetivo é proibir a Diretoria de aplicar nesses fundos. Dessa forma, além de limitar investimentos em Certificados de Operações Estruturadas (COE), empresas de capital fechado (private equity), fundos de capital de risco (venture capital) e debêntures fora da lista oficial da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Além disso, a resolução recomenda que qualquer mudança significativa na equipe de investimentos ou nas carteiras negociadas com corretoras seja avalizada pela diretoria executiva do fundo. Assim, como forma de garantir maior controle sobre essas decisões e evitar operações que possam beneficiar interesses externos ao fundo.

Série de substituições

A resolução também surge em resposta aos rumores de que Gazaneo, o novo diretor indicado, teria planos de realizar uma série de substituições nas gestoras de fundos e corretoras que operam com a Petros. Ainda, visando viabilizar operações que seriam do interesse do governo ou de seus aliados políticos.

Esse tipo de movimentação gerou grande desconforto entre os conselheiros. Contudo, temem que alguém use o fundo como uma ferramenta política, comprometendo sua sustentabilidade e prejudicando os interesses dos pensionistas.

Supervisão

Os membros do Conselho Deliberativo da Petros, responsáveis pela supervisão das ações do fundo, focam em garantir a preservação da independência e da segurança financeira da instituição.

O fundo, que representa a aposentadoria de milhares de trabalhadores da Petrobras e de suas subsidiárias, ainda está se recuperando dos danos causados por decisões de investimento equivocadas no passado. E, os conselheiros estão cientes da necessidade de evitar novos erros que possam comprometer ainda mais as finanças da instituição.

A proposta de resolução, portanto, reflete a preocupação do colegiado em proteger a Petros de ingerências externas. E, contudo, assegurar que o fundo de pensão da Petrobras seja administrado com a devida responsabilidade e transparência. Sem que interesses políticos ou pessoais interfiram nas decisões estratégicas que impactam o futuro dos pensionistas.