
- PT lança boné verde e amarelo com frase associada a Bolsonaro
- Deputada Bia Kicis ironiza: “Se não roubassem, não seria o PT”
- Ação é vista como tentativa do partido de se apropriar do patriotismo
O PT agora é patriota?
O Partido dos Trabalhadores (PT) resolveu entrar de vez na guerra simbólica da política brasileira. Nesta semana, a legenda lançou um boné nas cores verde e amarela estampado com a frase “Meu partido é o Brasil”. A iniciativa foi rapidamente interpretada como uma provocação, já que o slogan é tradicionalmente associado aos apoiadores de Jair Bolsonaro.
A peça foi exibida por parlamentares petistas durante uma reunião na Câmara dos Deputados. Estavam presentes o presidente do partido, Edinho Silva, e nomes como os deputados Dimas Gadelha (PT-RJ) e Kiko Celeguim (PT-SP). A escolha das cores da bandeira e da frase gerou debate nas redes.
O lançamento acontece justamente no momento em que o Brasil enfrenta pressões internacionais por conta das relações com a Rússia e o risco de sanções comerciais por parte dos Estados Unidos.
Bia Kicis reage: “Roubaram até nosso slogan”
A deputada federal Bia Kicis (PL-DF), uma das vozes mais expressivas do bolsonarismo, reagiu com ironia. Nas redes sociais, ela postou uma foto do boné petista e alfinetou:
“Roubaram até o nosso slogan? Mas também, se não roubassem não seria o PT. PT sendo PT.”
A frase ganhou força entre os apoiadores de Bolsonaro durante suas campanhas e manifestações. Para Kicis, a tentativa do PT de usar a frase “Meu partido é o Brasil” seria mais um exemplo de apropriação indevida por parte do partido adversário.
Outros parlamentares da direita também criticaram a iniciativa, acusando o PT de tentar “limpar sua imagem” usando símbolos e frases do campo conservador.
Disputa pela bandeira verde e amarela
Desde 2018, as cores verde e amarela passaram a ser fortemente associadas à direita e ao bolsonarismo. O próprio Lula, em campanhas passadas, optou por evitar o uso desses símbolos. Agora, o gesto do PT é visto por analistas como uma tentativa de reverter esse cenário e resgatar o patriotismo como valor universal — inclusive para a esquerda.
A mudança também é estratégica. Em meio às críticas sobre alinhamento com regimes autoritários e a compra de diesel russo, o partido tenta se reposicionar como defensor da soberania nacional e dos interesses do Brasil.
A frase no boné, apesar de sua origem não oficial, carrega peso simbólico. E o uso por parte do PT pode indicar uma nova fase da comunicação política da sigla.
Guerra de slogans: oportunismo ou estratégia?
A apropriação de frases e símbolos já foi usada por outros partidos ao longo da história. No entanto, neste caso, o gesto foi interpretado como um ataque direto à base bolsonarista. A frase “Meu partido é o Brasil” era vista por muitos como uma forma de se opor a partidos tradicionais — especialmente o PT.
Agora, ao utilizar o mesmo lema, os petistas tentam se blindar das críticas de que defendem mais o partido do que o país. Mas o tiro pode sair pela culatra.
Para a base bolsonarista, a atitude revela falta de originalidade e oportunismo. Para o PT, é apenas a retomada de um símbolo que deveria ser de todos os brasileiros — e não de um grupo político.