Briga política

PT silencia sobre eventos esvaziados contra Bolsonaro

Atos convocados pelo PT para protestar contra o ex-presidente têm adesão mínima e passam despercebido.

Foto/Reprodução: Jair Bolsonaro
Foto/Reprodução: Jair Bolsonaro
  • As manifestações contra Bolsonaro tiveram baixa adesão em várias cidades brasileira
  • Em São Paulo, poucos militantes participaram, sem impacto no trânsito ou nas redes sociais
  • O PT não repercutiu os protestos em suas redes, focando em outros temas
  • A baixa adesão foi alvo de ironia e críticas por apoiadores de Bolsonaro

Na última terça-feira (10), diversas cidades brasileiras foram palco de manifestações convocadas por entidades sindicais. Assim, com o objetivo de pressionar pela prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Indiciado pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro tem sido alvo de diversas críticas e processos desde o fim de seu mandato. No entanto, as manifestações que ocorreram em ao menos quarenta cidades, incluindo capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza e Recife, fracassaram em mobilizar a população.

Convocação petista

Embora o Partido dos Trabalhadores (PT) tenha sido um dos principais convocadores dos protestos, a adesão foi tão baixa que a própria legenda sequer repercutiu os atos em suas redes sociais.

O fracasso das manifestações se refletiu, principalmente, na escassa participação popular. Em muitas cidades, o número de militantes ficou restrito a algumas dezenas. E, portanto, compostas principalmente por membros de sindicatos e movimentos estudantis. As poucas imagens que circulam pelas redes sociais evidenciam o insucesso das ações. Ainda, com destaque para a baixa adesão nas principais cidades do país.

Em São Paulo, a concentração teve início às 17h, nos arredores do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista. A chuva forte não impediu que uma passeata com algumas centenas de militantes seguisse pela via, em direção à rua da Consolação.

Contudo, a manifestação não teve impacto significativo no trânsito, que seguiu sem maiores interrupções. A adesão minguada foi rapidamente notada, inclusive pelos apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais. O vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, postou uma foto aérea da Avenida Paulista, ironizando a baixa participação com a legenda: “Abriram o foco da manifestação contra Jair Bolsonaro”.

Falta de repercussão

A falta de repercussão foi sentida também dentro do próprio PT. Embora a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, tivesse publicado uma nota no final de semana convocando a população a participar dos atos, a dirigente se dedicou, durante o dia dos protestos, a outros assuntos Ainda, como a saúde do presidente Lula que passou por uma cirurgia de emergência. Além da decisão do Banco Central sobre a taxa de juros e a morte do escritor Dalton Trevisan.

No final das contas, o PT-SP foi o único perfil oficial da legenda a postar algo sobre os protestos.

Os principais líderes do PT, como os deputados Lindbergh Farias, Erika Kokay e José Guimarães, e o senador Humberto Costa, seguiram a mesma linha. E, portanto, não deram destaque aos protestos. Além disso, as manifestações ficaram à margem da pauta do dia, que já era dominada por temas como a saúde de Lula e a conjuntura econômica.

Mobilização

O fracasso das manifestações levantou questionamentos sobre a capacidade do PT de mobilizar sua base em torno de temas polêmicos.

A tentativa de mobilização nas ruas, que contava com o apoio de sindicatos e movimentos sociais, não conseguiu se transformar em um movimento popular significativo.

O silêncio da própria cúpula do PT nas redes sociais, em contraste com o alarde feito antes do evento, também fortaleceu a percepção de que os atos não conseguiram engajar a população em massa.

Enquanto a oposição se aproveitava do fiasco para criticar a baixa adesão, o PT parecia alheio ao insucesso de suas mobilizações.

A cena das manifestações se desenhou como uma tentativa frustrada de capitalizar politicamente sobre a prisão de Bolsonaro, mas que não conseguiu se traduzir em uma mobilização popular forte, como as convocações do partido sugeriam. O episódio também demonstrou a dificuldade da legenda em articular uma mobilização eficaz, mesmo com um tema polêmico e de grande repercussão política.

Em resumo, as manifestações de terça-feira (10), não apenas fracassaram em termos de participação popular, mas também não geraram o impacto esperado para o PT, que viu sua convocação desmoronar diante da falta de engajamento nas ruas.

As poucas imagens e a ausência de repercussão nas redes sociais ilustram a fragilidade dessa tentativa de protesto, que ficou muito aquém das expectativas de quem, inicialmente, apostava em um movimento expressivo contra o ex-presidente Bolsonaro.