
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhou fôlego na corrida eleitoral de 2026 após o “tarifaço” anunciado por Donald Trump contra o Brasil. É o que mostra a nova rodada da pesquisa Quaest divulgada nesta quinta-feira (17), que revela Lula na liderança isolada em todos os cenários de primeiro turno — e com vantagem sobre praticamente todos os adversários no segundo turno.
O dado mais simbólico é o inédito descolamento de Lula em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): se a eleição fosse hoje, o petista teria 43% contra 37% do ex-mandatário, uma diferença de seis pontos percentuais. Em junho, ambos apareciam empatados, com 41%.
Segundo Felipe Nunes, diretor da Quaest, o motivo para a virada é direto: “As simulações de segundo turno mostram os efeitos negativos da associação de Bolsonaro ao tarifaço de Trump contra o Brasil.”
Para 72% dos brasileiros ouvidos, o ex-presidente americano está errado em impor tarifas com base na suposta perseguição política a Bolsonaro — e essa percepção pode estar contaminando o próprio ex-capitão.
Lula avança; adversários oscilam ou recuam
Nos quatro cenários de primeiro turno simulados pela Quaest, Lula aparece na liderança com índices que variam entre 30% e 32%, independentemente do adversário à direita: seja Bolsonaro, Michelle, Tarcísio ou Eduardo Bolsonaro. O presidente mantém uma base eleitoral sólida e pouco oscilante.
Já seus rivais mostram desgaste. Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como possível herdeiro político de Bolsonaro, oscilou negativamente e agora está quatro pontos atrás de Lula num possível segundo turno. Em junho, a diferença era de apenas um ponto.
Michelle Bolsonaro, outra aposta do PL, caiu de 39% para 36% em um duelo direto contra o petista. Eduardo Bolsonaro (PL) e Romeu Zema (Novo) também não conseguem romper a barreira dos 35% em nenhum cenário.
Bolsonaro perde tração até dentro da direita
Mesmo inelegível até 2030, Bolsonaro ainda é o nome mais lembrado pela direita. Mas sua força como líder absoluto do campo conservador está sendo contestada. A pesquisa mostra que 62% dos brasileiros acham que ele deveria abrir mão de uma nova candidatura e apoiar outro nome.
Entre os possíveis sucessores, Tarcísio e Michelle empatam tecnicamente, com 15% e 13% das intenções, respectivamente, enquanto Ratinho Jr. e Eduardo Bolsonaro correm por fora. Pablo Marçal (PRTB) surpreende com 8%, empatado tecnicamente com os nomes mais tradicionais do PL.