
Arthur Hayes, figura renomada do universo cripto e ex-CEO da exchange de derivativos Bitmex, juntou as forças à nova fase de seu trabalho na Maelstrom, fundo de investimento focado em infraestrutura de criptomoedas. Em uma série de posts publicados na plataforma X (antigo Twitter) no dia 7 de abril, Hayes fez uma análise sobre como a política monetária chinesa pode ser o estopim para o próximo grande rally do bitcoin. Segundo ele, a deterioração do yuan, refletida no aumento do dólar norte-americano/yuan offshore (USDCNH), é um movimento decisivo que pode atrair uma significativa fuga de capital chinesa para os ativos digitais.
Recentemente, o USDCNH fechou em 7,3472, um aumento de 1,67% em comparação com o fechamento de 7,2268 em 11 de março. Este movimento é um sinal claro de que as políticas do Banco do Povo da China (PBOC) estão proporcionando “ingredientes para o yachtzee”, como afirmou Hayes em tom provocativo: “Se não for o Fed, então o PBOC nos dará os ingredientes para o yachtzee.” Com essa declaração, Hayes sugere que, caso o Federal Reserve dos EUA não seja o foco principal para impulsionar o mercado cripto, será o próprio banco central chinês, com sua postura de flexibilização do yuan, que poderá ser o catalisador para um novo surto no bitcoin.
A mudança na política monetária chinesa foi marcada pela decisão de Pequim de permitir que o yuan deslize além de um nível considerado psicologicamente importante: 7,20 por dólar. Pela primeira vez desde setembro de 2023, o PBOC definiu sua taxa de referência diária em 7,2038, o que representa a taxa mais fraca registrada no período recente. Esse ajuste reflete não apenas as crescentes tensões comerciais com os Estados Unidos, mas também uma preocupação maior dos mercados com a estabilidade da moeda chinesa. O gesto é interpretado amplamente como uma linha vermelha suave, demonstrando que as autoridades chinesas estão abertas a uma depreciação mais acentuada do yuan.
Em seus posts, Hayes não poupou observações contundentes sobre a situação. Ele afirmou que “$CNY deval está rolando como donkey kong!” fazendo uma analogia que destaca a velocidade e a força da queda do yuan, comparando-a a um personagem de videogame. Esta comparação, além de chamar a atenção dos investidores, reforça a tese de que estamos diante de um cenário onde a fuga de capital se intensificará. Se os investidores perceberem que a depreciação do yuan é irreversível, é provável que busquem refúgio em ativos que transcendam a instabilidade de moedas fiduciárias, e o bitcoin se posiciona como o principal beneficiário dessa conjuntura.
Outra parte importante dos posts de Hayes foi a sua referência a uma premissa histórica: “Desvalorização do CNY = narrativa de que a fuga de capital chinês fluirá para o BTC. Funcionou em 2013, 2015, e pode funcionar em 2025.” Já vimos, em momentos anteriores, que um yuan desvalorizado tem servido como catalisador para a valorização do bitcoin, e Hayes aponta para a possibilidade de que esse fenômeno se repita. A especulação é que, à medida que as tensões internacionais e a instabilidade econômica se intensificam, o bitcoin continuará a se destacar como uma alternativa de investimento segura.
Hayes ainda brincou com a ideia de que, se a situação se deteriorar ainda mais, e se Xi Jinping e o governo chinês “dobrarem o joelho” em termos de política monetária, podem começar a tentar interromper a queda do yuan. Ele deixou claro que, embora não acredite que isso acontecerá, caso ocorra, os efeitos poderão ser dramáticos para o mercado financeiro global. Segundo Hayes, essa postura seria a principal arma de Xi para manter uma política monetária independente, o que pode significar, paradoxalmente, um yuan mais fraco no curto prazo.
O cenário internacional também contribui para as incertezas. Enquanto a China se ajusta à sua nova política, os Estados Unidos adotam medidas agressivas em seu cenário comercial. Por exemplo, Washington impôs uma tarifa de 104% sobre as importações chinesas a partir de 9 de abril—ação que alimenta ainda mais as tensões entre ambas as nações. Estas medidas representam não só conflitos comerciais, mas também a intensificação de um ambiente global de incerteza, onde os investidores procuram alternativas para proteger seu patrimônio.