Alteração na abordagem

"Quem lacra não lucra"? Disney e Goldman desistem de programa de diversidade

Companhia altera sua abordagem de diversidade, equidade e inclusão após pressões externas; outras empresas seguem tendência.

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  • Disney altera seus programas de DEI para um foco mais comercial
  • A Disney simplificará os avisos sobre estereótipos em filmes clássicos, como Dumbo e Peter Pan
  • Empresas em toda a indústria dos EUA estão mudando suas políticas em resposta às novas diretrizes governamentais e mudanças políticas

A Disney anunciou, na terça-feira (11), que realizará mudanças significativas em seus programas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI). A empresa, que tradicionalmente se destacava por suas iniciativas nesse campo, agora buscará alinhar essas políticas com os resultados comerciais. Além do contexto econômico atual, uma mudança que reflete um movimento crescente em outras grandes corporações dos Estados Unidos.

O novo foco é impulsionar resultados de negócios enquanto as empresas tentam navegar pelas complexas questões políticas e legais do país.

A reavaliação dos programas

Em uma nota enviada aos funcionários, obtida pelo Axios, a Disney explicou que irá encerrar os avisos que contextualizavam filmes clássicos como Dumbo e Peter Pan, e que explicavam o histórico de representações negativas e estereótipos presentes nas obras. Até agora, os avisos explicavam que “os estereótipos eram incorretos na época e continuam sendo incorretos hoje”.

A nova abordagem da Disney será mais sucinta, com um comunicado indicando que o conteúdo pode conter “estereótipos ou representações negativas”. A decisão de simplificar esses avisos é uma parte de um movimento maior em que a empresa está focando não mais em debater os erros do passado. Mas, sim reconhecer os impactos negativos sem entrar em detalhes extensivos.

Segundo a nota, a mudança visa criar “um futuro mais inclusivo”. Contudo, incentivando o aprendizado e o debate sobre o impacto nocivo das representações.

O contexto das mudanças

A decisão da Disney ocorre em um cenário de crescente pressão política e legal nos Estados Unidos. Desde a virada política em 2024, com o retorno de Donald Trump à presidência, muitos programas de DEI foram questionados e descontinuados.

Trump, que emitiu decretos para limitar as iniciativas de diversidade tanto no governo federal quanto no setor privado, tem sido uma figura chave neste movimento. Como parte de suas ações, ele incentivou o governo a eliminar programas de diversidade, equidade e inclusão. Além de buscar demitir equipes envolvidas nesses projetos.

Várias empresas de tecnologia como Google, Meta e Amazon reduziram ou reformularam suas políticas de DEI em 2025. Assim, alinhando-se às novas diretrizes federais para evitar complicações legais.

Esse movimento é uma resposta direta às mudanças políticas, mas também reflete um contexto mais amplo: em junho de 2023, a Suprema Corte dos EUA derrubou políticas de ação afirmativa que consideravam a raça como um fator determinante em programas de admissão universitária. Especialmente, nas universidades de Harvard e Carolina do Norte.

O impacto no setor privado

A reversão das políticas de DEI é vista como um movimento contrário ao que aconteceu durante e após 2020. Assim, quando grandes corporações ampliaram seus programas de inclusão como resposta aos protestos contra a violência policial, especialmente o caso de George Floyd.

Naquele período, muitas empresas comprometeram-se a melhorar suas práticas de inclusão. Dessa forma, garantindo mais representatividade em suas operações.

Contudo, com as mudanças políticas e o ambiente regulatório cada vez mais desfavorável, algumas corporações começaram a reverter esses avanços.

A decisão da Disney é um reflexo claro de uma tendência mais ampla, onde as empresas estão priorizando a adaptação às novas normas políticas. Apesar de reverter políticas essenciais para sua imagem, as empresas priorizam a adaptação às novas realidades políticas e legais.

A luta por equilíbrio

Para a Disney, essa mudança representa uma tentativa de encontrar um equilíbrio entre os valores empresariais e a cautela política. Embora a empresa ainda afirme que está comprometida com um futuro inclusivo, o fato de diminuir o foco nas mensagens educativas sobre o conteúdo de seus filmes clássicos demonstra uma tentativa de suavizar a narrativa e evitar controvérsias públicas.

Em um momento em que o setor corporativo enfrenta pressões políticas crescentes, especialmente após o retorno de Trump à presidência, muitas empresas, como a Disney, estão ajustando suas políticas como uma adaptação estratégica.

Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ
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