
- O custeio administrativo chegou a R$ 32,4 bilhões no 1º semestre e subiu 15,6% em relação a 2024.
- Serviços de apoio, TI, imóveis e energia puxaram a alta e concentraram a maior parte da despesa.
- Sem reformas de eficiência e metas claras, o gasto recorrente pressiona o resultado fiscal no restante do ano.
O governo federal fechou o 1º semestre de 2025 com R$ 32,4 bilhões em despesas de custeio administrativo, em valores reais. O montante supera em 15,6% o gasto dos seis primeiros meses de 2024 e marca o nível mais alto para o período em nove anos.
A conta inclui contratos de apoio, manutenção, aluguéis, viagens, energia, água, TI e outros serviços que mantêm a máquina funcionando. Segundo o Tesouro, o salto ocorre após dois anos de recomposição e amplia pressões sobre o caixa público.
O que diz o Tesouro
O Tesouro Nacional informou que o relatório de junho consolidou as cifras e apontou aceleração no semestre. A equipe técnica atribui parte da alta à recontratação de serviços e ao reajuste de contratos.
Houve também execução de contratos represados e aditivos para manter prédios, sistemas e equipes operando. Assim, itens de rotina voltaram a crescer em linha com a agenda de recomposição.
Mesmo com o avanço, o órgão ressalta que o custeio não inclui investimentos e não captura precatórios. Portanto, trata-se apenas do gasto recorrente para manter estruturas ativas.
Onde o gasto cresceu
“Serviços de apoio” lideraram com R$ 15,9 bilhões, somando terceirização, vigilância, limpeza e mão de obra temporária. A conta de tecnologia da informação veio depois, com R$ 4,0 bilhões.
Combustíveis e demais materiais de consumo alcançaram R$ 2,8 bilhões, enquanto aluguéis e conservação de imóveis somaram R$ 2,5 bilhões. Em seguida vieram energia e água, que bateram R$ 2,1 bilhões no semestre.
Locação e conservação de veículos consumiram R$ 1,9 bilhão; diárias e passagens, R$ 1,7 bilhão. Outros serviços administrativos responderam por R$ 1,1 bilhão, e comunicação fechou com R$ 0,5 bilhão.
Comparação histórica e contexto
O nível de 2025 só fica abaixo do observado em 2016 para um 1º semestre, quando o custeio chegou a R$ 33,3 bilhões. Entre 2017 e 2021 a curva caiu, e tocou o piso de R$ 24,9 bilhões.
A partir de 2022, porém, a trajetória se inverteu e voltou a subir com recompras de serviços e reajustes contratuais. Em 2024, o total havia sido de R$ 28,1 bilhões no mesmo período.
Além disso, os gastos com pessoal recorrente somaram R$ 184 bilhões no semestre, leve alta real de 1,1% ante 2024. O número exclui precatórios e decisões judiciais, mas reforça a pressão estrutural.
O que falta explicar
Embora o governo fale em recomposição, economistas pedem detalhamento de contratos e ganhos de eficiência. A dúvida central é se a alta se manterá no 2º semestre.
Outra questão envolve a governança de compras e a padronização de serviços, que podem reduzir custos com escala. Auditorias e metas de produtividade também entram nessa lista.
Por fim, o avanço do custeio convive com receitas mais voláteis e com metas fiscais exigentes. Sem medidas de economia, a conta recai sobre o resultado primário.
E a reforma administrativa?
O Planalto prefere falar em “transformação do Estado” e em recomposição de força de trabalho. A equipe de Gestão rejeita a PEC de reforma que, segundo a ministra, “puniria servidores”.
Enquanto isso, concursos públicos seguem no radar para repor quadros e manter serviços essenciais. A estratégia, porém, também amplia gastos permanentes.
Diante desse cenário, o debate sobre eficiência, digitalização e reengenharia de processos ganha urgência. A conta já pesa e a sociedade cobra entrega com menos desperdício.