O ano de 2024 ficará marcado pela desvalorização histórica do real, que se tornou a pior moeda entre as 20 principais divisas globais. A moeda brasileira perdeu 27% de seu valor em relação ao dólar, fechando o ano a R$6,179, seu maior patamar nominal da história. Em 1º de janeiro, o dólar estava cotado a R$4,917, e ao final de dezembro a divisa americana havia avançado mais de R$1, um salto significativo que reflete o impacto de uma série de fatores econômicos internos e externos.
Este foi o maior aumento do dólar desde 2020, quando o choque da pandemia de covid-19 havia provocado uma reação semelhante. A desvalorização do real foi influenciada principalmente pela trajetória de juros nos Estados Unidos, que, ao não sinalizar cortes significativos, atraiu mais investimentos para a moeda americana.
Além da política monetária do Federal Reserve, fatores geopolíticos, como os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, também contribuíram para a valorização do dólar. A busca por ativos mais seguros em momentos de incerteza aumentou a demanda pela moeda americana. No Brasil, a incerteza fiscal, marcada pela demora na aprovação de pacotes econômicos e pela falta de clareza em relação ao compromisso do governo em equilibrar as contas públicas, aumentou ainda mais a pressão sobre o real.
Principais fatores que impactaram a desvalorização do real em 2024:
- Política monetária dos Estados Unidos: A manutenção das altas taxas de juros pelo Federal Reserve gerou um fortalecimento global do dólar, pressionando ainda mais o real.
- Tensões geopolíticas: A guerra na Ucrânia e os conflitos no Oriente Médio ampliaram a demanda por ativos seguros, favorecendo o dólar.
- Incertezas fiscais no Brasil: A falta de um pacote fiscal claro e a crescente preocupação com a sustentabilidade das contas públicas alimentaram a desvalorização da moeda nacional.
Em novembro, o dólar ultrapassou pela primeira vez a marca de R$6,00, atingindo seu valor histórico de R$6,2679. Apesar das intervenções do Banco Central, que vendeu US$30 bilhões em reservas para conter a pressão sobre o câmbio, o efeito foi apenas pontual.
A projeção para 2025 indica que o real continuará sob pressão, com o dólar estimado a R$5,96 no final do próximo ano, mas com um possível cenário de estabilização a partir de 2026. Contudo, a expectativa de volatilidade ainda é alta, com os riscos fiscais internos e o cenário externo desempenhando papeis cruciais na definição do futuro do câmbio.