
- Brasil encontra dificuldades no desenvolvimento de sua infraestrutura
- Investimentos limitados interferem na economia
- É necessário repensar a política de infraestrutura do país
O Brasil tem enfrentado dificuldades para ampliar suas rodovias federais, apesar do constante aumento da frota de veículos em circulação. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e a Confederação Nacional do Transporte (CNT), desde 1985, o aumento de estradas pavimentadas foi de apenas 43%.
Sendo assim, os 66,5 mil quilômetros de rodovias federais pavimentadas atingidos em 2024 são insuficientes para atender a crescente demanda do transporte de cargas e passageiros no país.
mais veículos, menos rodovias
Enquanto o crescimento de rodovias permanece lento, o número de veículos cresce em curva ascendente. De acordo com dados do RENAVAM (Registro Nacional de Veículos Automotores), o Brasil já passou a marca de 60 milhões de automóveis, sem contar caminhões e ônibus.
O salto no número total de veículos passou de 15 milhões em 1980, para mais de 60 milhões em 2023. No entanto, os investimentos em infraestrutura não acompanharam esse crescimento.
Por outro lado, números indicam que no passado, durante o período do Regime Militar, o país concentrou mais investimentos na construção de rodovias. Durante 1967 e 1985, devido a políticas de integração e ao foco no transporte rodoviário, a malha rodoviária federal teve um aumento de 282%.
Entretanto, durante os anos 1990, o governo resolveu priorizar a concessão e a manutenção de rodovias já existentes, reduzindo a construção de novas estradas.
escassez de recursos compromete a economia
A dificuldade em aumentar a malha rodoviária não afeta somente a mobilidade das pessoas, mas também prejudica o processo de transporte e distribuição dos produtos das fazendas e fábricas para os mercados consumidores, seja internamente ou para exportação.
Segundo o Observatório Nacional de Transporte e Logística, cerca de 65% das cargas transportadas no Brasil dependem de rodovias. Mesmo assim, não temos investimentos suficientes para o desenvolvimento de rotas estratégicas para exportação, exemplo disso seriam as estradas que ligam as áreas produtoras de grãos com os portos.
Especialistas ressaltam que a falta de infraestrutura torna os transportes mais caros. Os caminhões enfrentam congestionamentos e rotas maiores por falta de alternativas e estradas precarizadas. Nesse sentido, um estudo da CNT de 2024 mostrou que mais da metade das rodovias brasileiras apresentam problemas em suas estruturas, como buracos, sinalização ruim ou acostamento precário.
Por sua vez, o Governo Federal afirma que trabalhar com o orçamento limitado acaba impedindo que os investimentos sejam maiores.
concessões privadas como solução parcial
Diante da escassez de recursos públicos, o governo aposta na concessão de rodovias à iniciativa privada. Durante os últimos 40 anos, muitos trechos foram concedidos a empresas privadas, como aconteceu em 2023 com as BR ‘s 381 (Minas Gerais) e 116 (Bahia).
Atualmente, cerca de 14% das rodovias federais são administradas por concessionárias, que cobram pedágios para financiar manutenção e melhorias. O governo adotou o modelo de concessão rodoviária no período posterior à ditadura, com a justificativa de melhorar a infraestrutura e diminuir os custos públicos.
Apesar de sua utilidade, especialistas alertam que as concessões não podem substituir o papel do governo na expansão da infraestrutura. Usuários e transportadoras também fazem ressalvas ao modelo, relatando atraso nas melhorias prometidas e os altos custos nos pedágios.
Para a CNT, as concessões isoladas não servem como solução frente aos problemas da logística nacional, sendo necessário um planejamento estratégico entre governo e setor privado.
é necessário bem mais que ampliar rodovias
É necessário que o Brasil repense sua política de infraestrutura para evitar problemas logísticos e impactos em sua economia. A dificuldade de expansão adequada da malha viária e a dependência demasiada das rodovias, interfere tanto no transporte de cargas quanto na segurança das estradas.
Segundo dados do Atlas da Acidentalidade no Transporte, as rodovias federais registraram cerca de 60 mil acidentes no ano de 2023, esse número pode aumentar caso a infraestrutura não passe por melhorias.
Além disso, vale ressaltar que as estradas sofrem ainda mais sobrecarga devido a falta de investimentos em meios de transportes alternativos, como ferrovias e hidrovias. Em 2021, foi lançado o programa “Pro Trilhos”, visando incentivar o transporte ferroviário, mas desde então não houve grandes mudanças, e os trens somam apenas 15% do transporte de cargas brasileiro.
Desse modo, o Brasil tem como desafio não apenas aumentar o número de rodovias, mas investir num sistema logístico que trabalhe com diversificação e eficiência. Especialistas defendem a elaboração de um plano a longo prazo, integrando diferentes meios de transporte e aprimorando a infraestrutura viária. Sem isso, o país pode enfrentar dificuldades no crescimento econômico e na competição dentro do mercado global.