Reputação do IBGE em cheque: servidores acusam gestão Pochmann

Carta aberta circula entre funcionários e aponta problemas internos na gestão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Reputação do IBGE em cheque: servidores acusam gestão Pochmann
  • Servidores do órgão acusam a gestão de Marcio Pochmann de autoritarismo e falhas na administração, com mais de 100 assinaturas na carta aberta
  • Funcionários do IBGE contestam a criação da fundação sem debate interno e com riscos à autonomia do instituto
  • Servidores solicitam a intervenção da sociedade e autoridades competentes para solucionar a crise e preservar a qualidade dos dados produzidos

A crise interna no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ganhou novos contornos nesta segunda-feira (20), com a circulação de uma carta aberta que critica a condução do órgão pelo presidente Marcio Pochmann.

O texto, já com mais de 100 assinaturas, a maioria de coordenadores e gerentes, acusa Pochmann de adotar um viés autoritário, político e midiático em sua gestão. A carta também expressa apoio aos diretores que pediram exoneração devido a desentendimentos com a atual administração.

Instatisfação

O movimento de insatisfação no IBGE se intensifica em um momento delicado, com a escalada da crise interna sendo especialmente notada durante o feriado de São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro, onde o órgão está sediado.

De acordo com fontes internas, a carta aberta deve ser oficialmente publicada na data de hoje. E, a expectativa é que mais servidores assinem o documento, que já conta com a adesão de 134 membros. Ainda, incluindo representantes de diferentes áreas do IBGE.

Os servidores que assinam a carta não apenas criticam duramente a condução do IBGE, mas também apoiam os que pediram exoneração. Dessa forma, alegando discordâncias com as ações e decisões de Pochmann.

A carta destaca a importância da autonomia do instituto e a integridade dos dados gerados pelo IBGE:

“Somos absolutamente comprometidos com a qualidade das informações estatísticas e geocientíficas que produzimos até hoje”, afirmam no documento.

Para eles, os dados do IBGE seguem metodologias confiáveis e são produzidos de acordo com padrões internacionais.

Um dos pontos mais polêmicos apontados pelos servidores é a criação da Fundação IBGE+, uma iniciativa da gestão atual, que, segundo os funcionários, ocorreu sem o devido debate interno. E, ainda, sem esclarecimentos sobre os riscos à autonomia do instituto e à confiabilidade dos dados que ele gera.

A Fundação, voltada para a captação de recursos financeiros, é vista por muitos como uma tentativa de subordinar a função do IBGE a interesses políticos e econômicos. No entanto, algo que gera grande desconforto entre os servidores.

Falta de liderança

O ambiente no IBGE, segundo o texto da carta, está cada vez mais tóxico e afetado pela falta de liderança eficaz. Os servidores mencionam que as dificuldades enfrentadas pelas lideranças para executar suas funções são uma consequência direta da gestão centralizadora de Pochmann.

O clima deteriorado tem prejudicado o desempenho das equipes e, segundo os próprios servidores, a crise organizacional parece estar longe de uma solução interna.

Ao final da carta, os servidores apelam ao apoio da sociedade e das autoridades competentes para que a crise seja resolvida. E, assim, para que o IBGE recupere sua autonomia e integridade.

A situação já afeta a imagem da instituição, que tem sido vista com desconfiança por aqueles que defendem a preservação dos princípios de qualidade e imparcialidade dos dados produzidos.

O futuro do IBGE

A continuidade dessa crise pode trazer sérias consequências para o futuro do IBGE, uma das instituições mais importantes do Brasil. Esta, portanto, responsável por coletar, organizar e disseminar informações essenciais sobre o país.

Com a crescente pressão interna e externa, os próximos dias podem ser decisivos para determinar o rumo da gestão de Pochmann. Contudo, que se vê cada vez mais isolada e questionada por uma parte significativa dos servidores da instituição.

Enquanto isso, a sociedade aguarda por uma resposta clara das autoridades sobre como o governo federal lidará com a crise no IBGE. Uma vez que, a independência e a confiabilidade dos dados estatísticos são fundamentais para o bom funcionamento da democracia. E, assim, da gestão pública no país.