- Adesão gera críticas ambientais e questionamentos sobre compromissos climáticos
- Governo avalia liberar estudos sobre exploração na Amazônia
- País precisa equilibrar crescimento econômico e transição para energias renováveis
O governo brasileiro confirmou sua adesão ao Fórum de Diálogo da Opep+, grupo que reúne grandes produtores de petróleo do mundo. O anúncio foi feito pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e rapidamente gerou reações no setor ambiental.
O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) criticou a medida, argumentando que a decisão vai na contramão dos compromissos climáticos assumidos pelo Brasil e pode enfraquecer sua posição na COP-30.
Contradição com políticas climáticas
A adesão ao fórum acontece em um momento em que o Brasil busca se posicionar como liderança global na agenda ambiental. O Ipam declarou que a decisão do governo representa um retrocesso e coloca em risco a credibilidade do país nas negociações climáticas internacionais.
“O Brasil deveria liderar pelo exemplo, mas escolhe um caminho oposto, manchando sua reputação na COP-30”, afirmou André Guimarães, diretor executivo da instituição.
O instituto também lembrou que 2024 foi o ano mais quente da história, ultrapassando a marca de 1,5°C acima da média global pré-industrial.
A entidade alerta que o aumento de eventos climáticos extremos no Brasil e no mundo exige políticas mais focadas em energias limpas, redução do desmatamento e agropecuária de baixo carbono.
Exploração de petróleo na Amazônia
A decisão do governo ocorre paralelamente à pressão para liberar estudos sobre a exploração de petróleo na bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial brasileira.
O Ipam afirma que o país já possui uma matriz energética predominantemente renovável e deveria concentrar investimentos em alternativas limpas, em vez de apostar na ampliação da produção de combustíveis fósseis.
“Investir em petróleo significa atrasar o desenvolvimento nacional inteligente e desperdiçar recursos em algo que pode gerar impactos ambientais severos”, pontuou Guimarães.
Segundo ele, o Brasil precisa fortalecer sua posição na transição energética, focando em biocombustíveis e tecnologias sustentáveis.
O que é a Opep+?
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) foi fundada em 1960 e atualmente reúne 13 membros plenos, incluindo Arábia Saudita, Irã, Iraque e Venezuela.
A Opep+ é uma aliança que inclui outros dez países, como Rússia e México, que colaboram com a organização, mas sem direito a voto.
O Brasil aderiu ao fórum da Opep+, que tem caráter consultivo, sem obrigações formais. Segundo Alexandre Silveira, a participação permitirá ao país discutir estratégias globais de petróleo sem comprometer sua soberania energética.
O ministro de Minas e Energia afirmou que a decisão visa fortalecer a economia nacional e gerar empregos.
“Não devemos nos envergonhar de sermos produtores de petróleo. O Brasil precisa crescer, se desenvolver, gerar renda e tributos para aplicar em educação, segurança e saúde”, declarou Silveira.
O desafio da transição energética
A adesão à Opep+ reacende o debate sobre o futuro da matriz energética brasileira. De um lado, o governo argumenta que o petróleo ainda é essencial para o crescimento econômico. Do outro, ambientalistas alertam que o país deve acelerar a transição para fontes renováveis.
Nos próximos anos, o Brasil precisará equilibrar esses interesses para consolidar sua posição no cenário energético global e, ao mesmo tempo, manter sua credibilidade na agenda climática internacional.