Câmbio competitivo

Revolut e Astropay lançam contas em dólar no Brasil — uma delas promete zerar o IOF

Novas plataformas chegam para disputar espaço com Wise e Nomad, prometendo câmbio barato, multimoedas e até isenção de IOF.

Dólar
Reprodução
  • Revolut e Astropay estreiam no Brasil com contas multimoedas e promessas agressivas
  • Revolut cobra IOF e spread reduzido; Astropay afirma não repassar IOF ao cliente
  • Ambas usam estruturas no exterior para viabilizar contas em dólar, euro e outras moedas

Com a alta do IOF e o dólar acima de R$ 5,50, o interesse por contas internacionais disparou entre brasileiros que viajam, trabalham com empresas de fora ou investem em moeda estrangeira. Agora, duas novas fintechs prometem agitar ainda mais esse mercado: Revolut e Astropay. Uma delas, inclusive, promete não repassar o IOF para seus usuários.

Essas plataformas chegam para competir diretamente com nomes já consolidados, como Wise, Nomad e C6 Global. Ambas oferecem contas digitais multimoedas, com serviços como câmbio, cartão internacional e até investimentos, mas com estratégias diferentes. Enquanto a Revolut aposta em um ecossistema robusto e transparente, a Astropay aposta em custo total mais baixo e isenção de tarifas.

Revolut quer ser banco global no seu bolso

A Revolut, já presente em mais de 40 países, funciona como banco em cerca de 30 deles. No Brasil, a empresa atua como instituição financeira regulada pelo Banco Central. Ela oferece ao cliente duas contas: uma em reais e outra multimoeda, geralmente vinculada ao braço da empresa em Singapura.

Essa estrutura permite transferências rápidas e com custo reduzido entre países onde a Revolut está presente. Segundo Glauber Mota, CEO da operação brasileira, a liquidez interna da fintech viabiliza câmbio com spreads baixos e agilidade superior à dos bancos tradicionais.

Os serviços vão além do câmbio. A Revolut oferece cartão de crédito (em fase de testes), reserva de hotéis, milhas, investimentos internacionais e “caixinhas” que rendem 100% do CDI, chamadas de “pockets”. Há também acesso a ações globais, criptomoedas e commodities, com análise de perfil de investidor via teste de suitability.

Na prática, o cliente envia reais via Pix, acessa o campo de câmbio e escolhe a moeda desejada. Uma simulação de compra de €100 apontou um VET (Valor Efetivo Total) de R$ 6,77 por euro, incluindo IOF de 3,5% e uma taxa de serviço de €0,09.

Astropay aposta em IOF zero e simplicidade

Fundada em 2009, a Astropay começou atendendo empresas com pagamentos internacionais. No início de 2025, lançou sua conta multimoeda para o público final, aproveitando a infraestrutura já existente no exterior. A empresa tem sede operacional na Ilha de Man, local que viabiliza a abertura de contas em até 10 moedas diferentes, como dólar, euro e libra.

No Brasil, a Astropay atua como instituição de pagamento, oferecendo conta digital com cartão global e rendimento em real, dólar e euro. A empresa garante que não repassa o IOF para o cliente, mesmo após os aumentos promovidos pelo governo federal.

Segundo Amanda Sterenberg, gerente geral da Astropay no Brasil, a fintech consegue negociar spreads reduzidos com parceiros de câmbio por movimentar grandes volumes. Em simulação feita com €100, o VET ficou em R$ 6,60 por euro, abaixo da Revolut, mas sem detalhamento de taxas e IOF no app.

O processo de conversão funciona de forma semelhante: o cliente envia reais por Pix, recarrega a conta e escolhe a moeda para conversão. A fintech promete agilidade e transparência, embora não detalhe como viabiliza a isenção de IOF, alegando apenas estar dentro das regras brasileiras.

Duelo entre praticidade e custo

As duas plataformas oferecem vantagens relevantes, mas com abordagens distintas. A Revolut aposta em experiência premium, com um ecossistema robusto e transparência nas taxas. Por outro lado, a Astropay chama atenção pelo preço final mais baixo e pela promessa de não cobrar IOF — um diferencial difícil de ignorar.

Para perfis mais conservadores, a estrutura e a regulação direta da Revolut no Brasil podem transmitir mais segurança. Já os que priorizam economia imediata podem enxergar mais valor na proposta agressiva da Astropay.

Em ambos os casos, os usuários encontram alternativas viáveis ao câmbio tradicional, com possibilidade de guardar, gastar e investir em moeda estrangeira diretamente pelo celular. O avanço dessas fintechs indica que a disputa no segmento de contas internacionais está apenas começando.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.