Risco real

Risco de apagão dispara e chega a 90% até 2029; volta do horário de verão ganha força

ONS alerta para risco crescente de colapso no sistema elétrico; governo aposta em leilões de energia e discute retorno do horário de verão como saída emergencial.

Crédito: Depositphotos.
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  • ONS alerta que risco de apagão pode passar de 90% em 2029
  • Governo aposta em leilões e avalia retorno do horário de verão
  • Crescimento da energia solar desorganiza equilíbrio da rede elétrica

O Brasil pode estar caminhando para o maior estresse energético desde 2001. O Operador Nacional do Sistema (ONS) acendeu o alerta vermelho ao indicar que a chance de apagão pode ultrapassar 60% já em 2028 e alcançar impressionantes 90% em 2029.

Os dados mostram que o problema se agravou rapidamente. Em 2023, a estimativa para 2026 era de apenas 10% e para 2028 de 40%. Agora, a situação se tornou muito mais crítica, revelando fragilidade crescente na matriz elétrica brasileira e expondo milhões de consumidores ao risco de colapso.

O que o governo prepara para evitar o apagão

Para tentar conter a crise, o governo aposta em dois leilões de capacidade. O primeiro foi realizado na última sexta-feira (22) e o segundo será no fim de agosto. Essas disputas garantem a contratação de energia firme, essencial para estabilizar o sistema.

Além disso, voltou à mesa uma medida polêmica: a retomada do horário de verão. Técnicos do Ministério de Minas e Energia defendem que a mudança pode aliviar a demanda nos horários de pico e reduzir o risco de sobrecarga.

Desse modo, a medida, que havia sido descartada nos últimos anos, agora ganha força em meio ao risco de déficit de energia já no curto prazo. Para o ONS, qualquer ação que ajude a balancear a oferta será crucial para evitar falhas graves no fornecimento.

Energia solar: solução e problema

Um dos pontos críticos é o crescimento acelerado da energia solar distribuída. Com milhares de placas instaladas em casas, comércios e fazendas, o ONS não tem controle direto sobre esses sistemas, ao contrário das grandes usinas ligadas à rede.

Além disso, esse cenário gera desequilíbrios: durante o dia, o excesso de energia solar e a baixa demanda obrigam as hidrelétricas a desligarem. Mas quando o sol se põe, no horário de pico, religar essas usinas leva tempo, elevando o risco de apagão.

Portanto, engenheiros afirmam que incentivos rápidos ao setor solar, sem planejamento equivalente da rede, geraram esse efeito colateral. A falta de coordenação entre oferta e consumo pode pressionar ainda mais o sistema nos próximos anos.

Simulações: curto prazo também preocupa

O ONS testou oito cenários para o período entre este ano e 2026. No mais otimista, com chuvas dentro da média, há chance de déficit já em setembro de 2026.

No pior, com seca intensa, o problema pode aparecer em novembro deste ano, retornar em fevereiro e março de 2026 e se repetir em julho.

Ademais, mesmo sem detalhar todos os cenários intermediários, a projeção é clara: a partir de junho de 2026, todos os modelos indicam esgotamento da capacidade do sistema.

Por fim, isso mostra que o risco de apagão não é mais uma possibilidade distante, mas uma ameaça concreta no horizonte.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.