Crise nos Correios

Se aproximando da insolvência, Correios financia evento na Colômbia

Correios aumentam gastos em patrocínios culturais a R$ 34 milhões em 2024, enfrentando risco de insolvência e um déficit histórico.

Correios deve ser privatizado ate 2022
Correios deve ser privatizado ate 2022

A Usina Hidrelétrica de Itaipu deverá encerrar 2024 com uma dívida de aproximadamente R$ 333 milhões, segundo documento da Aneel. A crescente crise financeira dos Correios se agrava com o aumento significativo dos gastos com patrocínios de eventos culturais, que saltaram de uma média de R$ 430 mil ao ano entre 2019 e 2022 para impressionantes R$ 34 milhões apenas em 2024.

Até setembro deste ano, a empresa pública já registrava um déficit de R$ 2 bilhões, apontando para o maior rombo da história da estatal. Se o ritmo de perdas continuar, o resultado pode superar o déficit de 2015, que foi de R$ 2,1 bilhões. Atualmente, a empresa enfrenta um sério risco de insolvência, conforme relatado pelo Poder360.

Patrocínios em Foco

Dentre os patrocínios realizados em 2024, destaca-se o envio de R$ 600 mil à 36ª Feira Internacional do Livro, realizada em Bogotá, na Colômbia, e ao festival de música pop Lollapalooza, em São Paulo. O evento na Colômbia, que ocorreu em abril, homenageou o Brasil e contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que discursou na abertura.

Os Correios justificaram o patrocínio ao evento no exterior como uma forma de “ampliar o alcance e visibilidade da marca”, apesar de a estatal não operar na Colômbia. A diretora de Governança e Estratégia, Juliana Picoli Agatte, que representou a empresa na feira, foi indicada ao cargo por Edinho Silva, ex-ministro da Secom, e tem laços com o PT.

Críticas à Gestão e ao Uso de Recursos

A situação financeira dos Correios gerou críticas em relação à forma como os recursos estão sendo utilizados. O aumento dos gastos com patrocínios vem sendo visto como uma estratégia questionável em um momento em que a empresa já enfrenta sérias dificuldades financeiras.

“Os Correios investem em patrocínio com vieses institucional e concorrencial, visando potencializar a marca e os negócios, mas a realidade é que esses recursos estão sendo cobrados na conta de luz dos brasileiros”, ressalta um analista do setor.

Os Correios também enfrentam uma série de decisões controversas, como a desistência de uma ação trabalhista bilionária, a assunção de dívidas de R$ 7,6 bilhões com a Postalis e gastos de R$ 200 milhões com “vale-peru”. Essa gestão financeira tem levantado preocupações sobre a sustentabilidade a longo prazo da estatal.

Teto de Gastos e Futuro Incerto

Devido à deterioração das contas, os Correios decretaram um teto de gastos para 2024, estabelecendo um limite de R$ 21,96 bilhões. A definição foi comunicada aos gestores em 11 de outubro, mas o documento que detalha esses gastos foi colocado sob sigilo, levantando ainda mais perguntas sobre a transparência da gestão.

O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, indicado pelo grupo Prerrogativas, tem uma forte ligação com o governo Lula e com parlamentares do PT. Ele é conhecido por sua proximidade com o deputado federal Zeca Dirceu, filho do ex-ministro José Dirceu, e por seu papel em eventos sociais em que se prepara comida para o presidente.