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SELIC: Banco Central define taxa Selic e divulga comunicado na quarta

Foto/Reprodução GDI
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Falando especificamente do Brasil, na minha visão, o ciclo de queda continua com 0,50 pontos percentuais por alguns motivos. Um deles é a diminuição da pressão política. Outro fator são os dados do Boletim Focus que trouxeram a Selic já no final de 2023 em 11,75% perante os 12% que tínhamos há um tempo.

Além disso, os dados da inflação subiram menos que o esperado. Então, ainda há indícios técnicos para haver esta redução. O que começa a chamar a atenção que pode influenciar nos dados da inflação é o aumento da energia elétrica, em especial. Além disso, também o aumento dos combustíveis. Como o Brasil é um país rodoviário, o aumento nesse custo é repassado para a população como um todo e isso faz com que a inflação suba. Mas, perto dos números que foram apresentados nas últimas duas semanas, eu ainda acredito que esses 0,50% serão dados pelo Banco Central em virtude dos dados e também por conta da questão de uma resposta política, de uma boa comunicação entre Planejamento e Fazenda, o que dá um sinal de certa forma positivo para o Legislativo e o Senado continuarem a fazer as devidas aprovações que são necessárias com o Banco Central fazendo a sua parte.

Já nos Estados Unidos essa incerteza da elevação ou da estabilidade já não é tão clara. Há uma parcela do mercado que acredita em estabilidade e outra parte que acredita na queda de 0,25 p.p. Eu acredito nessa queda de 0,25 p.p. Na minha avaliação, o próprio colegiado do Fed já comentou que poderiam subir os juros. Os dados apresentados na ADP e no payroll vieram muito mistos, tanto positivo para o controle da inflação quanto negativo para o controle da inflação.

Além disso, o aumento na cotação do petróleo influencia a inflação nos Estados Unidos porque os Estados Unidos precisam acabar queimando o seu estoque de petróleo bem como passando esse aumento para as bombas e isso aumenta a inflação.

E o principal fator para o aumento de juros nos EUA, na minha visão, é o controle da inflação, que, diferentemente do Brasil, ainda não está controlada. Os próprios indicadores ainda não dão certeza deste controle. Então, em virtude disso, eu acredito que o Fed subirá mais 0,25 p.p. 

No Brasil, penso que vão seguir com essa queda de 0,50 p.p para as próximas reuniões ainda mais se tivermos o controle da inflação mais próximo da banda central, tivermos também as reformas na Câmara e no Senado e, principalmente, na minha visão, chegarmos a austeridade fiscal do Brasil, o controle dos gastos. O governo mostrar que está disposto a fazer esse controle de gastos é o que pode facilitar essa manutenção do processo de queda.

Ana Paula Carvalho, planejadora financeira e sócia da AVG Capital

Minha expectativa é que no Brasil o BC reduza a taxa em 50bps, chegando a 12,75%. A decisão da próxima quarta-feira (20) já está precificada pelo mercado, após a última reunião indicar “a mesma magnitude para os próximos passos”. Diante disso há um consenso que será unânime a decisão pela queda em 0,50. Não vejo um motivo para acontecer uma decisão diferente disso.

Os fatores que colaboram para que tal decisão seja tomada são os dados de inflação apresentados nas últimas medições. 

Mas apesar desses dados favoráveis, o BC está olhando de perto questões como as novas incertezas fiscais em torno da capacidade do governo entregar a meta fiscal do próximo ano e as projeções de IPCA para 2024 e 2025, que podem apresentar alta após depreciação do real, alta nas commodities e hiato do produto mais elevado, variáveis que influenciam nas projeções de inflação do BC.

Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores

Já está contratada uma queda de 0,50 p.p, como esperado e já dito pelo comitê na última reunião. A inflação tem melhorado bastante e não vejo nenhum fator de relevância grande que possa fazer os membros mudarem de ideia. No comunicado, eles devem comunicar sobre mais dois cortes de 0,50 p.p até o fim do ano, que ainda vão depender também de futuros dados. Então, a grande expectativa não fica por conta da decisão do Banco Central, mas sim o que teremos no comunicado. 

Nos Estados Unidos, o cenario é mais incerto do que aqui. O FED vinha com dinâmica de alta, depois interrompeu. Eu acho é um cenário de mais incertezas do que clareza. Por lá os próximos passos vão depender muito de novos dados deixando o mercado volátil. O que o mercado quer é que haja uma comunicação clara com relação ao término do ciclo e não mais essas portas abertas que têm sido deixadas. 

Em relação a investimentos de curto prazo, pode ser interessante investir em ativos atrelados a inflação, que pode ganhar força, principalmente com relação à gasolina. No segundo semestre a gente não vai ter o agronegócio contribuíndo para uma oferta maior de alimentos, nao teremos super safra. Então acho que a inflação para 2023 e 2024 tende a sofrer. Ativos de curto prazo atrelados a inflação nesse momento se mostram a melhor estratégia.

Para o prazo mais médio e longo, a curva de juros está muito esprimida, entao acho que não faz sentido correr riscos em ativos prefixados, principalmente em cenário de muitas incertezas com relação ao fiscal. Os investimentos de curto prazo atrelados a inflação fazem mais sentido nesse momento. Além deles, os pós-fixados também são indicados. Por mais que a gente tenha um corte na próxima reunião, a gente ainda tem uma taxa de juros de dois dígitos, que é uma taxa alta. Então, está menos rentável, mas não necessariamente menos atrativa. Nesse momento de incertezas, pós-fixado é um bom investimento aproveitando as taxas ainda elevadas.