A pressão sobre a inflação brasileira pode levar o Banco Central a adotar medidas mais agressivas de aumento da taxa Selic nos próximos meses, segundo análise do BTG Pactual. O banco projeta uma sequência de aumentos até junho de 2024, com uma previsão de elevação de 1 ponto percentual (p.p.) nas reuniões de janeiro e março, seguidas de novos 0,50 p.p. em maio e junho. Caso se confirmem, essas elevações elevariam a taxa básica de juros para 15,25% ao ano, a maior desde 2016.
O economista-chefe do BTG, Mansueto Almeida, alerta para um cenário de risco assimétrico no controle da inflação. Em relatório divulgado pela equipe de análise macroeconômica, Almeida afirma que “a convergência da inflação para o objetivo pode exigir taxas de juros ainda mais elevadas, a menos que se verifique uma desaceleração notável da atividade econômica”. Ou seja, se o crescimento não arrefecer ou as expectativas de inflação não se ajustarem rapidamente, a Selic pode ultrapassar o nível atualmente projetado.
O cenário macroeconômico
A política monetária do Brasil está sendo impactada por um cenário externo desafiador, conforme destacado na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A avaliação dos diretores do Banco Central é que as incertezas no mercado global, especialmente nos Estados Unidos, estão dificultando a estabilização da economia. Além disso, a inflação tem sido agravada por fatores como a depreciação cambial e a desancoragem das expectativas de preços.
Em dezembro, o Copom surpreendeu o mercado ao aumentar a Selic em 1 p.p., passando para 12,25% ao ano, e sinalizou novos aumentos nos próximos encontros. A postura do Comitê foi classificada como “hawkish”, indicando uma postura mais agressiva no aperto monetário para conter a inflação.
Expectativas para 2024
O BTG acredita que os ajustes na política monetária podem não ser suficientes para controlar completamente o cenário inflacionário, a menos que haja uma desaceleração econômica significativa. Caso as medidas não sigam de forma contundente, a condução monetária pode se tornar ainda mais difícil, com possíveis consequências negativas para as expectativas econômicas em 2025 e 2026.
Com a manutenção de uma inflação alta e uma taxa Selic elevando-se para 15,25%, o Brasil pode enfrentar dificuldades adicionais na retomada econômica, além de uma possível queda na confiança do mercado.