O aumento da taxa Selic em um ponto percentual, de 10,75% para 11,75% ao ano, determinado nesta quarta-feira (16/03) após reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), seguiu a expectativa da última ata da instituição, que destacou inflação persistente, porém em uma magnitude menor, ou seja, uma redução do ritmo de ajuste dos juros básicos.
Mas a piora expressiva dos balanços de riscos para inflação pode influenciar os novos rumos da política monetária. A avaliação é do economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti.
Bertotti ressalta que o IPCA de fevereiro registrou a maior alta para o mês em sete anos (1,01%) acumulando na base anual de 10,54%, e com isso, o mercado já precifica uma Selic mais alta no fim do ciclo do aperto, com apostas em torno de 13,50%.
O economista-chefe lembra que, na ata da última reunião, os membros do Copom tinham sinalizado que reduziriam o ritmo de alta da Selic porque as elevações mais recentes ainda estavam sendo sentidas pelo mercado.
Entretanto a guerra entre Rússia e Ucrânia passou a influenciar a inflação brasileira, por meio do aumento recente dos combustíveis.
“Considerando o agravamento do cenário inflacionário global, com impulso do aumento dos preços dos combustíveis e a guerra na Ucrânia, os próximos meses serão desafiadores para economia brasileira, podendo refletir em uma nova disparada do IPCA e novos rumos em relação a deter condução da política monetária”, diz o especialista. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 3 e 4 de maio.
Para 2022, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Ou seja, o limite inferior é 2% e o superior, 5%. Os analistas de mercado consideram que o teto da meta será estourado pelo segundo ano consecutivo.