Os preços da carne, um dos itens mais consumidos pelos brasileiros, registraram um aumento expressivo em novembro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, apontou que os preços dos alimentos impulsionaram a alta de 0,39% na inflação do mês. A carne, especificamente, apresentou um salto de 8,02%, acumulando 15,43% de aumento nos últimos 12 meses e 14,80% de alta no ano.
O cenário de alta nos preços vem se desenrolando desde setembro, com o mês de novembro apresentando os maiores índices. Entre os cortes que mais impactaram o bolso dos consumidores, destacam-se o patinho, com uma alta de 19,63%, seguido pelo acém (18,33%) e carne de porco (17,16%). Os preços de cortes como peito (17%), lagarto comum (16,91%) e alcatra (15,91%) também apresentaram aumentos expressivos.
De acordo com Juliana Inhasz, doutora em economia pela USP e professora do Insper a reportagem do MoneyTimes, a elevação nos preços da carne pode ser explicada por diversos fatores.
“A redução na oferta de bovinos, consequência de anos de abates elevados, e a alta demanda por carne, impulsionada pela melhora na renda dos brasileiros, são alguns dos principais fatores”.
Explica.
Ela também destaca que a falta de regularização da produção e os efeitos climáticos, como longos períodos de seca e queimadas, impactaram diretamente a produção de carne.
Além disso, a alta demanda externa pela carne brasileira, com a intensificação das exportações, tem contribuído para a pressão nos preços. “O aumento da procura no exterior diminui a oferta para o mercado interno, agravando ainda mais a escassez no mercado doméstico”, afirma Inhasz.
Embora o fígado tenha registrado uma queda de 3,62% no último ano, ele se destaca como a única carne que não seguiu a tendência de alta. Aves também ficaram mais caras, com o frango inteiro e em pedaços registrando aumentos de 6,83% e 9,26%, respectivamente.
Projeções para 2025 e 2026
A perspectiva para os próximos anos, segundo os especialistas, é de que os preços da carne continuem pressionados. “2025 será um ano de preços mais altos, e o começo de 2026 também”, prevê Juliana Inhasz. Ela reforça que, embora os fatores possam mudar, a tendência atual indica que os consumidores devem se preparar para mais aumentos no mercado de carne.
Com o Brasil vivendo um período de baixos índices de desemprego (6,2% no terceiro trimestre de 2024, conforme dados do IBGE) e aumento na renda média, a combinação de maior demanda e oferta reduzida está gerando um cenário de inflação persistente. A alta de preços de alimentos, especialmente carne, deve continuar a pesar no orçamento dos brasileiros.