Como lidar

Seu carro pode já ter rodado com combustível cheio de metanol; entenda os riscos

Especialistas alertam para os danos graves que o solvente pode causar no motor; Operação Carbono Oculto revelou adulterações de até 90%.

Crédito: Depositphotos.
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  • Operação Carbono Oculto revelou combustíveis com até 90% de metanol adulterado
  • Substância corrói motor, aumenta consumo e pode travar peças logo no primeiro tanque
  • ANP exige kits de teste em todos os postos para identificar adulterações suspeitas

O metanol, substância tóxica e corrosiva, deveria aparecer em no máximo 0,5% da gasolina ou do etanol vendidos no Brasil. No entanto, investigações recentes mostraram que combustíveis adulterados chegavam a ter até 90% do produto em sua composição.

A descoberta aconteceu após a Operação Carbono Oculto, que desarticulou um esquema bilionário comandado pelo PCC. Além da fraude fiscal, o crime colocava em risco direto a vida de motoristas e a segurança de milhões de veículos em todo o país.

Os riscos para o motor

Mecânicos consultados afirmam que o metanol corrói peças essenciais logo nos primeiros abastecimentos. Entre os componentes afetados estão bicos injetores, bombas de combustível e câmaras de combustão.

Segundo especialistas, antes mesmo de danificar o motor, o metanol costuma destruir a bomba de combustível. Em casos extremos, o carro pode não resistir nem a um tanque cheio adulterado.

Além da corrosão, o solvente compromete sensores, trava válvulas e provoca falhas de ignição. Isso aumenta os riscos de panes em rodovias e gera custos de reparo elevados.

Sinais para desconfiar

Motoristas podem perceber indícios de adulteração logo após o abastecimento. Um dos sinais mais comuns é a perda de potência: o carro exige mais aceleração para alcançar a mesma velocidade.

Outros sintomas relatados são consumo até 30% maior, ruídos metálicos no motor e dificuldade para ligar pela manhã. O acendimento de luzes no painel também é frequente quando sensores são afetados.

O escapamento pode liberar odores de solvente ou querosene, denunciando a presença irregular de metanol. Em alguns casos, o combustível chega a formar uma goma que impede o motor de funcionar.

Testes que confirmam a fraude

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) exige que todos os postos tenham kits para identificar adulterações. Com o densímetro, por exemplo, é possível verificar se a gasolina tem densidade abaixo do limite permitido, sinal claro de solventes.

Outro método simples é o teste de separação com água, que revela excesso de etanol na gasolina. Embora eficaz, ele não mostra facilmente a presença de metanol, já que essa substância se mistura de forma mais homogênea.

Especialistas orientam que consumidores solicitem os testes sempre que houver suspeita. Em caso de irregularidade, o posto pode ser responsabilizado, e o abastecimento deve ser denunciado à ANP.

O que é o metanol

O metanol é um composto químico derivado do gás natural e usado principalmente na indústria química e na produção de biodiesel. Embora tenha aplicações importantes, é altamente tóxico para uso em veículos comuns.

Quando utilizado de forma irregular em combustíveis, o metanol gera riscos à saúde, ao meio ambiente e à segurança pública. Sua manipulação exige cuidados extremos, já que também é inflamável.

Por lei, a presença dessa substância em gasolina ou etanol não pode ultrapassar 0,5%. Acima desse limite, o produto passa a ser considerado adulterado e coloca em risco motoristas e passageiros.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.