A Shell anunciou um afastamento das expansões no setor de energia eólica offshore (marítima), revelando uma nova estratégia de reestruturação para reduzir custos e aumentar o foco em áreas mais rentáveis. A decisão faz parte de um movimento mais amplo da empresa, iniciado em 2023, para revisar suas operações e concentrar seus recursos em setores com maior retorno, como petróleo, gás e biocombustíveis.
Mudanças estratégicas e impacto no setor de renováveis
Wael Sawan, CEO da Shell, declarou que a revisão estratégica busca priorizar atividades com maiores retornos financeiros.
“Embora não lideremos novos desenvolvimentos em energia eólica offshore, continuamos abertos a aquisições em que as condições comerciais sejam atrativas”.
afirmou um porta-voz da empresa.
As mudanças refletem o desejo da Shell de reduzir os custos em seus negócios de baixo carbono e aumentar os investimentos em fontes de energia mais tradicionais e rentáveis.
A decisão de redirecionar os investimentos é uma resposta aos desafios enfrentados pelo setor de energias renováveis nos últimos anos. O mercado de energia eólica offshore, que antes era visto como um dos pilares da transição energética, sofreu com o aumento nos custos de construção, problemas na cadeia de suprimentos e o impacto da alta nas taxas de juros. Esses fatores reduziram a rentabilidade de muitos projetos, levando as grandes empresas de energia, incluindo a Shell, a repensarem suas estratégias. Além da Shell, empresas como BP e Equinor também desaceleraram seus investimentos em energias renováveis.
Pressões externas e a busca por retornos mais rápidos
O contexto global, incluindo a guerra na Ucrânia, agravou ainda mais os desafios do setor. A queda na lucratividade dos projetos de energia renovável, juntamente com a alta dos preços de petróleo e gás, tem gerado pressão dos investidores para que as empresas aumentem os retornos financeiros e mantenham grandes pagamentos aos acionistas. A Shell, portanto, tomou a decisão de revisar sua postura em relação ao setor de energia renovável, priorizando atividades mais rentáveis e com menor risco financeiro.
Embora a Shell tenha se afastado de novos investimentos eólicos offshore, a empresa continuará a desenvolver projetos já em andamento, como no caso da Coreia do Sul e Estados Unidos, onde recentemente decidiu se retirar de alguns projetos.
Reestruturação da Shell Energy e ênfase em soluções flexíveis
Além das mudanças no setor de energia eólica, a Shell anunciou a divisão da sua área de energia, que inclui energias renováveis, geração de energia e fornecimento aos clientes. A nova estrutura criará duas unidades distintas: Shell Power, focada em geração de energia, e Shell Energy, dedicada à comercialização e ao fornecimento de energia. Greg Joiner, chefe da Shell Energy, assumirá o comando da Shell Power, enquanto David Wells liderará a Shell Energy.
Em sua nova estratégia, a Shell também enfatizou a importância das baterias e das usinas elétricas flexíveis a gás para ajudar a equilibrar a intermitência das fontes renováveis, como a energia solar e eólica. “Em mercados selecionados, vemos um valor crescente no uso de baterias e usinas flexíveis para gerenciar a intermitência e atender às necessidades dos nossos clientes”, explicou o porta-voz da empresa.
Futuro da Shell e os próximos passos
A Shell segue como uma das maiores comercializadoras de energia do mundo, com uma capacidade renovável de aproximadamente 3,4 gigawatts (GW) e vendas de cerca de 279 terawatts-hora (TWh) de eletricidade em 2023, o que representa cerca de 88% do consumo de energia no Reino Unido.
Apesar das mudanças, a empresa mantém planos de expandir sua divisão de gás natural liquefeito (GNL) e estabilizar sua produção de petróleo até o final da década. A redução das metas de carbono e a venda de ativos de energia renovável e petróleo em países como a Nigéria indicam um movimento de adaptação às incertezas do mercado e à demanda crescente por combustíveis fósseis.