- O Brasil registrou o maior saldo negativo desde 2019, com um aumento de 128,3% em relação a 2023
- O superávit comercial foi de US$ 66,22 bilhões, uma redução de US$ 26,06 bilhões em comparação com o ano anterior
- O Investimento Direto no País (IDP) atingiu US$ 71,1 bilhões, contribuindo para financiar o saldo negativo nas contas externas
As contas externas do Brasil registraram um deficit de US$ 55,97 bilhões em 2024, conforme divulgado pelo Banco Central (BC) nesta sexta-feira (24). Esse é o maior saldo negativo anual desde 2019, quando o deficit foi de US$ 50,83 bilhões.
O resultado de 2024, que representa 2,55% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, é 128,3% maior que o deficit de US$ 24,52 bilhões registrado em 2023. Assim, refletindo um aumento significativo na pressão sobre as contas externas brasileiras.
A série histórica que monitora o saldo das transações correntes do Brasil começou em 1995 e desde então, este é o maior deficit registrado. O relatório de estatísticas do setor externo do Banco Central fornece uma visão detalhada das transações entre o Brasil e o restante do mundo. Ainda, levando em consideração o saldo da balança comercial (exportações e importações), os serviços adquiridos por brasileiros no exterior e as movimentações financeiras de renda, como remessas de lucros, dividendos e juros para fora do país.
Causas do déficit
O déficit nas contas externas foi impulsionado, principalmente, pela queda na balança comercial e pelos altos valores registrados na conta de renda primária. A balança comercial do Brasil teve superávit de US$ 66,22 bilhões em 2024, mas esse valor foi inferior ao superávit de US$ 92,28 bilhões de 2023, representando uma queda de US$ 26,06 bilhões.
A redução no superávit comercial reflete uma diminuição das exportações. Além de um aumento nas importações, o que afetou a saúde das contas externas.
Além disso, a conta de renda primária, que inclui a remessa de lucros, dividendos e juros para o exterior, também teve um grande impacto negativo. Em 2024, essa conta registrou um deficit de US$ 75,40 bilhões. Contudo, uma leve melhora em relação ao deficit de US$ 79,49 bilhões observado no ano anterior, mas ainda assim um saldo negativo expressivo que contribuiu para o alto déficit nas contas externas.
Compensação com investimentos estrangeiros
Apesar do déficit significativo, o Brasil conseguiu compensar grande parte dessa pressão externa com a entrada de investimentos estrangeiros, que ajudaram a mitigar os impactos negativos nas finanças do país. O Investimento Direto no País (IDP) atingiu US$ 71,1 bilhões em 2024, correspondendo a 3,24% do PIB brasileiro. Assim, um valor expressivo que reflete a confiança dos investidores estrangeiros na economia brasileira, apesar dos desafios internos e externos.
Esse alto volume de investimento estrangeiro foi fundamental para financiar o deficit nas contas externas, ajudando o Brasil a manter sua estabilidade econômica. O IDP é uma fonte vital de recursos para o país, pois os investimentos diretos geralmente se traduzem em novos projetos de infraestrutura, criação de empregos e inovação em setores-chave da economia brasileira, o que acaba proporcionando um efeito positivo no crescimento econômico de médio e longo prazo.
Perspectivas para 2025
Embora o resultado de 2024 seja preocupante, especialistas projetam que as contas externas do Brasil possam melhorar em 2025, dependendo da evolução de alguns fatores econômicos cruciais.
A balança comercial poderá se recuperar se as exportações aumentarem, especialmente em setores como commodities e produtos agrícolas, que têm sido impulsionados pela demanda externa. Além disso, uma possível melhora na dinâmica interna da economia brasileira, com crescimento sustentado e controle da inflação, pode atrair mais investimentos estrangeiros, o que ajudaria a equilibrar o deficit externo.
Por outro lado, o desafio da conta de renda primária, que envolve a remessa de lucros e dividendos, continua sendo um ponto sensível para a economia brasileira.
O alto pagamento de juros e a transferência de lucros de empresas estrangeiras estabelecidas no Brasil ainda são fatores que pressionam as contas externas. Para mitigar esse impacto, será essencial que o Brasil busque novas formas de atrair investimentos e gerar superávits mais consistentes em sua balança comercial.