- As carnes, como picanha e costela, subiram 14,80%, devido à seca, redução no abate de vacas e aumento das exportações
- O azeite de oliva subiu 21,60% e as frutas tiveram alta de 11,57%, impactando a ceia de Natal
- Cenoura, tomate e cebola tiveram quedas significativas, mas não compensaram o aumento das carnes
- A alta do dólar, mudanças climáticas e aumento nos custos de insumos explicam o aumento dos preços
A ceia de Natal de 2024 será mais cara para os brasileiros. A alta nos preços de diversos alimentos, especialmente as carnes e proteínas, deve pesar no orçamento das famílias durante as festividades de fim de ano.
De acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE, a maioria dos itens tradicionalmente consumidos na ceia teve aumento de preços, refletindo a inflação acumulada ao longo de 2024.
Alimentos impactados
Entre os alimentos com os maiores aumentos, as carnes estão entre os mais impactados, com uma alta de 14,80% no preço geral das proteínas animais até novembro deste ano.
O frango inteiro, um dos itens mais consumidos no Natal, teve um aumento de 5,24%. Esses aumentos estão acima do índice geral da inflação, que é de 5,8% no acumulado até novembro de 2024.
Haroldo Torres, economista e sócio-diretor da Pecege Consultoria, explica que o encarecimento das carnes se deve a uma combinação de fatores estruturais e conjunturais, incluindo condições climáticas adversas e a alta do dólar.
O clima teve um impacto significativo no preço das carnes, pois a seca intensa e as altas temperaturas afetaram a recuperação das pastagens. Assim, limitando a disponibilidade do gado.
Exportação e importação
Além disso, a redução no abate de vacas nos últimos três anos, principalmente fêmeas, diminuiu a oferta de carne no mercado, o que resultou em uma elevação nos preços. Como se não bastasse, as vendas de carne para o exterior se tornaram mais atraentes, o que também diminuiu a oferta no mercado interno.
A alta no custo de importação de insumos para a alimentação dos animais, provocada pela valorização do dólar, também repassou os custos aos consumidores.
O impacto não foi restrito apenas às carnes. O azeite de oliva, um item essencial para a preparação de pratos típicos e sobremesas de Natal, registrou o maior aumento entre os alimentos analisados, com uma alta de 21,60%.
Isso significa que uma garrafa de 500 ml, que custava R$ 30, agora pode ser encontrada por cerca de R$ 36.
As frutas, amplamente consumidas nas ceias de fim de ano, também apresentaram aumento significativo de 11,57%. No entanto, o que afetou diretamente os preparos de sobremesas natalinas.
Produtos como arroz (9,51%) e batata inglesa (7,59%) também ficaram mais caros, impactando o orçamento das famílias.
A escassez de alguns produtos e os custos elevados com transporte e insumos impulsionaram esses aumentos.
Queda
No entanto, nem todos os alimentos apresentaram aumento. Alguns produtos, como cenoura (-23,99%), tomate (-24,86%) e cebola (-33,78%), tiveram queda significativa de preços. Ainda, o que ajudou a aliviar, de certa forma, a pressão sobre o bolso dos consumidores.
A superprodução de cebola e tomate, que saturou o mercado, e as importações excessivas de cebola devido às enchentes no Rio Grande do Sul, causaram as quedas nos preços desses produtos.
Apesar dessas quedas, a redução nos preços de produtos como cebola e tomate não é suficiente para compensar o aumento nos preços das carnes e outros itens essenciais da ceia.
Torres destaca que, embora a queda nos preços de cebola e tomate tenha sido significativa, ela não afeta tanto o bolso do consumidor quanto o aumento nos preços dos cortes de carne premium, como a picanha, mais consumidos nas festas de fim de ano.
Em 2024, o cenário da ceia de Natal será, portanto, marcado por preços elevados para as carnes. Além do azeite de oliva e outros itens essenciais para as celebrações, apesar da queda em alguns produtos como cenoura e cebola.
A combinação dos fatores climáticos, a alta do dólar e as mudanças no mercado de insumos são os principais responsáveis pelo aumento dos preços. Dessa forma, o que torna a ceia deste ano mais cara para o brasileiro.