
- Consumo cresceu no início de 2024, mas desacelerou nos últimos meses
- Inflação dos alimentos impactou decisão de compra, especialmente entre os mais pobres
- Governo anunciou medidas para conter alta nos preços, incluindo isenção de impostos em produtos essenciais
O brasileiro iniciou 2024 comprando mais e diversificando seus produtos no supermercado. Dados da Kantar, que acompanha os hábitos de consumo de 11.300 domicílios, mostram que a frequência a bares, restaurantes e cafeterias aumentou 9% em relação a 2023. No entanto, essa tendência perdeu força no último trimestre do ano, quando consumidores passaram a controlar mais os gastos.
Impacto da inflação e mudança de hábitos
A inflação dos alimentos e bebidas, que fechou 2024 com alta de 7,69%, impactou o poder de compra. A refeição dentro de casa ficou 8,23% mais cara, enquanto o custo da alimentação fora de casa subiu 6,29%, acima da inflação geral (4,83%). Como reflexo, consumidores reduziram o volume das compras e aumentaram a frequência das visitas ao supermercado para buscar melhores preços. Nos últimos meses do ano, o número de idas aos pontos de venda cresceu 8%, enquanto o valor gasto por visita caiu 0,4%.
Consumo e equilíbrio financeiro
A pesquisa da Kantar destaca um padrão de comportamento conhecido como “consumidor equilibrista”. As pessoas ajustam suas escolhas para balancear os gastos, priorizando itens essenciais e optando por promoções. Essa estratégia se intensificou nas classes D e E, que sentiram de forma mais expressiva o aumento dos preços.
Governo reage com medidas para reduzir preços
Diante do impacto da inflação nos alimentos e da pressão popular, o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou medidas para reduzir o custo da cesta básica. O governo zerou impostos de importação sobre produtos como carne, café, açúcar, milho, azeite de oliva e massas. Também reforçou o financiamento do Plano Safra para produtores de itens básicos e ampliou os estoques públicos de alimentos.
Repercussão e avaliação do governo
O aumento dos preços de alimentos tem sido um dos principais desafios do governo Lula. Pesquisas recentes mostram queda na aprovação da gestão. O Datafolha revelou que a avaliação “ótima/boa” do presidente caiu de 35% para 24% entre dezembro e fevereiro, enquanto a percepção “ruim/péssima” subiu de 34% para 41%. Um levantamento da Genial/Quaest mostrou que a desaprovação supera a aprovação em todos os oito estados pesquisados.
Expectativas para os próximos meses
Especialistas avaliam que o comportamento do consumidor continuará cauteloso enquanto a inflação permanecer elevada. A busca por alternativas mais acessíveis deve se manter, refletindo um mercado em adaptação à nova realidade econômica. A eficácia das medidas do governo será um fator determinante para reverter esse cenário e restaurar a confiança dos consumidores no poder de compra.