A Argentina apresentou dados que indicam uma significativa redução nos níveis de pobreza no país, uma notícia que chega em meio a um cenário econômico ainda complexo e sob o governo controverso de Javier Milei. De acordo com os números oficiais divulgados nesta segunda-feira (31) pelo Indec (Instituto Nacional de Estatística e Censos), o órgão equivalente ao IBGE brasileiro, a taxa de pobreza atingiu 38,1% da população argentina ao final do segundo semestre de 2024. Isso se traduz em aproximadamente 11,3 milhões de argentinos vivendo abaixo da linha da pobreza definida pelo instituto.
Essa marca de 38,1% representa o menor patamar para o indicador desde o primeiro semestre de 2022, quando a taxa estava em 36,5%. A comparação mais impactante, no entanto, é com o semestre imediatamente anterior: o índice atual representa uma baixa expressiva de 14,8 pontos percentuais em relação aos alarmantes 52,9% registrados no primeiro semestre de 2024. Essa queda abrupta marca uma reversão importante na tendência observada anteriormente.
Contexto dessa mudança
A taxa de pobreza na Argentina havia apresentado uma forte alta no início do governo de Javier Milei, um economista libertário que assumiu a presidência com a promessa de reformas radicais. Suas políticas iniciais de austeridade fiscal, que incluíram cortes drásticos nos gastos públicos, desvalorização da moeda e fim de subsídios, tiveram um impacto inicial duro na população, elevando os índices de pobreza. O objetivo declarado dessas medidas era (e continua sendo) colocar as contas públicas em ordem e controlar a inflação galopante que assolava o país há anos. Agora, os dados do segundo semestre sugerem que, após o choque inicial, pode estar começando uma recuperação, ao menos estatística.
O governo argentino, através da Casa Rosada (a sede da presidência), não demorou a reagir aos números. Em comunicado oficial, a gestão Milei atribuiu o resultado positivo às “profundas reformas econômicas” que vêm sendo implementadas. Ao mesmo tempo, aproveitou para criticar duramente o trabalho dos governos anteriores, liderados pela oposição peronista.
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“Estes índices refletem o fracasso de políticas passadas, que mergulharam milhões de argentinos na precariedade enquanto vendiam que estavam a ajudar os pobres, mas a pobreza não parou de aumentar”, afirmou o comunicado do governo. “A atual administração demonstra que o caminho da liberdade econômica e da responsabilidade fiscal é o caminho para reduzir a pobreza a longo prazo.”
A nota oficial reforça o compromisso com a linha adotada: “O presidente Javier Milei e a sua equipe econômica liderada pelo Ministro Luis Caputo aprofundarão este caminho que provou devolver ao povo argentino a dignidade que lhe foi negada durante décadas e que coloca a luta contra a pobreza como um dos seus eixos mais importantes”, pontuou o governo.
A melhora não se restringiu apenas à linha geral da pobreza. O índice de miséria, que representa a pobreza extrema (pessoas e famílias que não têm renda suficiente sequer para comprar a cesta básica de alimentos), também apresentou uma queda expressiva. Segundo o Indec, a taxa de miséria caiu para 8,2% da população no final do segundo semestre de 2024, afetando cerca de 2,5 milhões de pessoas. No semestre anterior, esse índice estava em 18,1%, quase o dobro. Essa redução na pobreza extrema é um indicador particularmente sensível e relevante sobre a situação das camadas mais vulneráveis da sociedade.
Para complementar o quadro, o Indec também destacou um aumento na renda das famílias. O relatório aponta que a renda média total das famílias argentinas aumentou 64,5% durante o período analisado, alcançando o valor de 599.837 pesos argentinos.
