Tensão externa

Sob pressão dos EUA, governo corre contra o tempo para se defender

Itamaraty organiza força-tarefa e prepara resposta ampla à investigação americana que mira corrupção, comércio e meio ambiente.

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  • Governo brasileiro monta força-tarefa para responder investigação do USTR até 18 de agosto
  • Defesa vai rebater críticas sobre combate à corrupção com dados de recordes e economia de recursos
  • Apuração americana inclui comércio, meio ambiente e barreiras ao etanol entre seus focos

O governo brasileiro está mobilizando uma força-tarefa para responder à investigação aberta pelo Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR), que impôs prazo até 18 de agosto para o envio de comentários escritos. Além disso, uma audiência pública está marcada para 3 de setembro em Washington.

Segundo o Itamaraty, o plano é apresentar uma defesa considerada “robusta”, articulando ministérios e especialistas de diferentes áreas. O objetivo é rebater ponto a ponto as acusações que envolvem comércio, propriedade intelectual, barreiras tarifárias e questões ambientais.

Estrutura da força-tarefa

O Itamaraty informou que o grupo especial é composto por servidores com experiência nos temas investigados, trabalhando em conjunto com órgãos da Esplanada. Além disso, o governo já formalizou um pedido de consultas, previsto nas regras do USTR, embora a data ainda não esteja definida.

Desde o anúncio da investigação, as reuniões de coordenação ocorrem em ritmo acelerado. Portanto, o texto oficial de defesa está em estágio avançado e deve ser submetido para revisão final antes do prazo.

Essa estratégia busca transmitir uma imagem de preparo técnico e alinhamento político, na tentativa de reduzir riscos de sanções comerciais ou danos à imagem do Brasil.

Ponto central: combate à corrupção

Entre os alvos da investigação está a suspeita de enfraquecimento no combate à corrupção. Em resposta, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius de Carvalho, afirmou que o órgão vai apresentar dados que mostram avanços, não retrocessos.

No ano passado, a CGU abriu 76 processos administrativos contra empresas por conduta corrupta, número recorde. Além disso, registrou cerca de 200 milhões de acessos ao Portal da Transparência em 2024.

O ministro destacou ainda que o uso de uma ferramenta de inteligência artificial em editais de licitação ajudou a identificar possíveis desvios, gerando economia estimada de R$ 1,25 bilhão.

Seis frentes de questionamento

A investigação do USTR aborda seis eixos: comércio digital e serviços de pagamento, tarifas preferenciais, combate à corrupção, propriedade intelectual, barreiras ao etanol americano e desmatamento ilegal.

Cada uma dessas áreas está sendo analisada pela força-tarefa, que prepara dados, relatórios e argumentações para contestar as acusações. Além disso, o governo considera envolver representantes do setor privado nas discussões.

Para diplomatas brasileiros, uma resposta consistente poderá evitar que as conclusões da investigação sirvam de base para medidas restritivas contra produtos e serviços nacionais.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.