
- SP, RJ e MG lideram exportações para os EUA e somam 62,3% dos embarques brasileiros ao país.
- Governos estaduais e federal criam pacotes emergenciais com linhas de crédito e incentivos fiscais.
- Estados como Ceará e Sergipe têm alta dependência dos EUA, com risco de desemprego e colapso regional.
A tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros, colocou em alerta os principais estados exportadores do Brasil. São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais lideram os embarques para o mercado americano e agora articulam medidas para conter os impactos econômicos que devem surgir com a entrada em vigor da nova taxa a partir de 1º de agosto.
Segundo dados do Dieese, os três estados juntos respondem por 62,3% de todas as exportações do Brasil aos EUA. São Paulo lidera com 33% do total, seguido por Rio de Janeiro com 17,56% e Minas Gerais com 11,76%. Diante desse cenário, autoridades estaduais e o governo federal correm para criar planos de contingência que garantam suporte às empresas afetadas.
Linhas de crédito e incentivo fiscal ganham prioridade
No nível federal, o governo já finalizou um pacote emergencial que inclui linhas de crédito para ajudar empresas com dificuldades de caixa. A medida tem como objetivo evitar demissões em massa, mantendo o pagamento de salários e fornecedores em funcionamento, mesmo com a queda nas exportações.
Nos estados, a reação também começou. Em São Paulo, o governador autorizou a liberação de R$ 1 bilhão em créditos de ICMS para aliviar a pressão sobre os setores mais expostos. O Rio Grande do Sul, embora não esteja entre os maiores exportadores absolutos para os EUA, anunciou um programa de R$ 100 milhões voltado ao mesmo fim: proteger o caixa das empresas prejudicadas.
Para o analista Gabriel Monteiro, da CNN Money, essas ações ainda são paliativas, mas ajudam a ganhar tempo. “As linhas de crédito e os incentivos fiscais são uma espécie de amortecedor. O risco real é de perda de mercado e ruptura de contratos internacionais”, avaliou.
Estados menores enfrentam maior dependência proporcional
Embora os grandes centros concentrem os maiores volumes exportados, há estados com dependência proporcional ainda mais preocupante. O Ceará lidera essa estatística: 47,85% de suas exportações têm como destino os Estados Unidos. Na sequência, aparecem Espírito Santo com 30% e Sergipe com 21%.
Essas unidades da federação, apesar de movimentarem cifras menores, correm risco elevado de desequilíbrio em cadeias produtivas inteiras. A concentração de compradores americanos em determinadas indústrias, como calçados, têxteis e frutas, deixa esses estados vulneráveis a choques rápidos e severos.
No caso do Ceará, por exemplo, o setor calçadista representa uma das principais frentes de exportação. Qualquer retração do mercado dos EUA pode gerar fechamento de fábricas e aumento do desemprego local, principalmente no interior do estado.
Alternativas e pressão diplomática
Apesar da urgência, ainda há espaço para ação. A diplomacia brasileira tenta convencer os EUA a reavaliar a medida, enquanto empresários buscam novos mercados para compensar as perdas. A substituição do destino final das exportações, porém, é algo que demanda tempo, adaptação e acordos comerciais consistentes.
Os especialistas apontam que, além de proteger os exportadores agora, o Brasil precisa diversificar urgentemente seus mercados de destino. “A dependência dos Estados Unidos nos deixa vulneráveis a decisões unilaterais como essa. Estratégia de longo prazo é fundamental”, afirmou Monteiro.
Enquanto o impasse diplomático persiste, estados e empresas se movimentam para evitar um colapso logístico e econômico. A próxima semana será decisiva para entender o real alcance dos impactos e a eficácia das medidas adotadas.