- O STF adquiriu cem gravatas a R$ 384 cada, totalizando R$ 38,4 mil, para serem dadas como presentes a autoridades
- A compra gerou questionamentos sobre o valor gasto em itens de vestuário em um momento de crise econômica e necessidade de austeridade
- A iniciativa de Barroso visa fortalecer a identidade visual da Corte, mas levanta preocupações sobre a percepção pública de ostentação
O Supremo Tribunal Federal (STF) gerou polêmica ao anunciar que gastou R$ 38,4 mil na aquisição de cem gravatas personalizadas com a logo da instituição. As peças, adquiridas por R$ 384 cada, foram compradas para que os ministros do Tribunal as entreguem como presentes a outras autoridades em eventos oficiais.
Além disso, o STF planeja assinar um novo contrato para comprar lenços, que os ministros oferecerão a mulheres em situações semelhantes.
A decisão, embora explicada pelo presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, gerou críticas sobre o uso de recursos públicos para a compra de itens de vestuário.
O gasto com as gravatas personalizadas
Na sessão plenária do dia 6 de fevereiro, o presidente do STF, Barroso, anunciou o gasto com as gravatas e lenços. Segundo ele, a compra tem como objetivo retribuir presentes recebidos por ministros do Tribunal. E, assim, “simboliza uma forma de cortesia institucional”.
Na ocasião, todos os ministros estavam usando as gravatas, enquanto a ministra Cármen Lúcia estava com o lenço, ambos com a logo do Supremo.
O gasto, que pode parecer excessivo, foi justificado por Barroso com um tom descontraído. Ele afirmou que o STF se viu “gentilmente” na necessidade de retribuir presentes recebidos em eventos institucionais com algo que representasse a Corte.
Para o presidente do STF, a compra foi uma forma de criar um “STF Fashion”. Contudo, algo que ele descreveu de maneira bem-humorada durante a plenária.
Críticas ao uso de recursos públicos
Apesar da justificativa de Barroso, o gasto gerou críticas, especialmente considerando que se trata de um valor significativo. A sociedade questiona o uso de recursos públicos para itens como gravatas e lenços, considerados por alguns supérfluos em um contexto institucional.
Para muitos, a instituição poderia direcionar o dinheiro a necessidades mais urgentes. Ainda, como investimentos em infraestrutura ou em medidas que melhorem a transparência e a eficiência do Judiciário.
A aquisição de presentes de alto custo não é uma novidade, mas a escolha por itens de vestuário com um valor elevado chamou a atenção em um momento de escassez de recursos para diversos setores públicos.
Além disso, o contexto de crise econômica no Brasil contribui para a insatisfação com esse tipo de despesa. No entanto, isso poderia ser visto como uma demonstração de ostentação por parte de uma das mais altas instituições do país.
A relação com a imagem institucional
Para o STF, a escolha de gravatas e lenços personalizados representa uma tentativa de consolidar uma identidade visual mais forte da Corte. A ideia de criar um departamento “STF Fashion”, como brincou Barroso, também é uma forma de reforçar a imagem institucional em eventos internacionais e oficiais.
O uso de itens personalizados, portanto, serve para promover o Supremo e seus membros como autoridades de destaque.
No entanto, o uso de presentes personalizados pode ser mal interpretado por uma parcela da população. Contudo, que enxerga essa prática como algo distante das necessidades reais do povo.
Gestos como esse aumentam a desconfiança sobre a transparência e o uso responsável dos recursos, especialmente em um cenário onde a imagem das instituições judiciárias está em debate.
Lenços para mulheres também estão no plano de compras
O STF ainda planeja firmar um novo contrato para adquirir lenços, que serão oferecidos a mulheres em eventos formais. A medida segue o mesmo princípio de retribuição de presentes. E, também representa uma continuidade do projeto “STF Fashion”.
A compra de lenços, direcionada ao público feminino, segue a mesma lógica de presentear com itens que simbolizem a imagem institucional da Corte.