
- O julgamento de Bolsonaro no STF chamou atenção mundial pelo risco de fuga e pela vigilância reforçada.
- A imprensa estrangeira dividiu opiniões sobre o papel do Supremo, mas destacou o ineditismo do caso.
- As divisões internas da família Bolsonaro e a pressão de Trump acabaram fortalecendo Lula no cenário político.
O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta terça-feira (2) o julgamento de Jair Bolsonaro e outros sete réus pela tentativa de golpe após a derrota eleitoral de 2022. O processo, que deve se estender até o dia 12 de setembro, atraiu forte atenção da imprensa estrangeira. Os jornais ressaltaram tanto o ineditismo da ação quanto as pressões internas e externas que cercam o caso.
Bolsonaro cumpre prisão domiciliar e enfrenta vigilância reforçada depois da descoberta de um rascunho de pedido de asilo à Argentina. Para veículos internacionais, a imagem do ex-presidente se desgasta enquanto cresce a percepção de que a Justiça brasileira vive um momento decisivo. O desfecho do julgamento pode marcar um ponto de virada no sistema democrático do país.
Repercussão na Economist e no New York Times
A revista The Economist classificou a tentativa de golpe de 8 de janeiro como “esquisita e bárbara”. Em análises recentes, destacou que o Brasil oferece uma lição de democracia aos Estados Unidos ao levar um ex-presidente a julgamento. Para a publicação, o caso brasileiro inverte os papéis e mostra um país disposto a fortalecer instituições diante de ameaças autoritárias.

Já o New York Times enfatizou que o Brasil está fazendo o que os EUA não conseguiram: responsabilizar judicialmente um líder que tentou permanecer no poder após perder a eleição. O jornal questionou, no entanto, se o STF defende apenas a democracia ou se extrapola seus limites ao concentrar poderes nas mãos de ministros como Alexandre de Moraes.

Desse modo, o veículo norte-americano também relatou o temor de fuga, lembrando que Bolsonaro permanece sob monitoramento constante. Para o NYT, a tentativa de pressão de Donald Trump, que enviou carta pedindo o fim do processo, apenas reforçou a determinação das autoridades brasileiras em prosseguir com o julgamento.
Bloomberg, Guardian e divisões internas
A Bloomberg analisou as divisões dentro da família Bolsonaro em meio às pressões externas. Eduardo comemorou como vitória pessoal a tarifa de 50% imposta por Trump contra o Brasil, acreditando que seria uma forma de retaliação a favor do pai. Bolsonaro, porém, teria considerado o gesto imaturo. Para a agência, a atuação de Trump foi “maldição disfarçada de bênção”, fortalecendo Lula politicamente com um discurso nacionalista.

Além disso, o Guardian destacou a vigilância policial imposta a Bolsonaro após a descoberta do esboço de pedido de asilo. A publicação lembrou que o ex-presidente já cumpre prisão domiciliar e disse que especialistas jurídicos avaliam como quase certa uma condenação. O jornal britânico afirmou ainda que Eduardo reforçou a polarização ao celebrar as medidas de Trump contra o Brasil.

Portanto, a leitura internacional sugere que o julgamento não apenas define o futuro de Bolsonaro, mas também expõe disputas internas e pressões externas. O processo ganhou contornos de novela política acompanhada em tempo real por aliados e opositores.
Le Monde e a visão europeia
O Le Monde classificou Bolsonaro como “risco de fuga” e destacou que ele passou a ser monitorado 24 horas por dia. O jornal francês ressaltou que, em caso de condenação, o ex-presidente pode enfrentar longa pena de prisão. A publicação também citou acusações de Lula contra os EUA e relembrou a crítica ao papel de Eduardo, considerado pelo presidente como autor de uma das piores traições nacionais.

Ademais, para o veículo europeu, a cena política brasileira mostra tensão crescente e reflexo internacional. A cobertura reforça a imagem de que o julgamento vai muito além das fronteiras nacionais e tem impacto na percepção global da democracia no Brasil.
O STF, nesse contexto, aparece como protagonista de um momento histórico. Por fim, sentença, prevista até o dia 12 de setembro, pode consolidar um marco jurídico e político com repercussão internacional inédita.