
- O governo ativa diferimento por dois meses e prepara um ato com regras enquanto exportadores aguardam a lista de tributos
- Crédito com garantia do FGE de R$ 30 bilhões depende da manutenção de empregos e tenta segurar produção e renda
- Compras públicas e prorrogação do drawback buscam escoar excedentes enquanto o tarifaço de 50% atinge parte relevante das vendas
O governo autorizou a Receita a adiar a cobrança de impostos para exportadoras atingidas pelo tarifaço dos EUA, porém ainda não divulgou quais tributos entram no pacote.
Segundo a Fazenda, um ato infralegal trará as condições e os critérios “nos próximos dias”, enquanto a MP 1.309 já permite o diferimento por dois meses.
O que já está valendo
A MP 1.309 entrou em vigor e autoriza a Receita a diferir tributos de empresas afetadas, assim o caixa respira no curtíssimo prazo.
No entanto, a equipe econômica ainda definirá a lista de impostos e os requisitos de acesso, portanto o alívio imediato chega de forma parcial.
Além disso, o governo indicou que o desenho final considerará impacto setorial e capacidade de manter empregos, o que pode calibrar o alcance do benefício.
Crédito garantido e custo do dinheiro
Pelo Plano Brasil Soberano, o FGE disponibilizará R$ 30 bilhões em garantias, portanto bancos públicos e privados podem destravar linhas.
Em paralelo, o acesso ao crédito exigirá a manutenção do quadro de funcionários, assim a política tenta preservar renda e produção.
Além disso, o Tesouro monitora spreads e prazos, porque o choque externo encarece capital de giro e pressiona margens de exportadores.
Compras públicas e fôlego logístico
A União, estados e municípios poderão comprar itens que iriam aos EUA, portanto merenda e hospitais podem absorver parte do excedente.
Ao mesmo tempo, o governo prorrogou prazos do drawback, assim empresas ganham tempo para readequar embarques e estoques.
Além disso, a Fazenda promete simplificar trâmites, porque o gargalo burocrático costuma anular o ganho de caixa em momentos de estresse.
Quem paga a conta do tarifaço
A tarifa de 50% vale desde 6 de agosto e atinge 35,9% das exportações brasileiras ao mercado americano, portanto o choque é relevante.
Por outro lado, cerca de 700 itens ficaram fora, como aviões, celulose, suco de laranja, petróleo e minério de ferro, o que limita o dano em alguns clusters.
Ainda assim, 19,5% das vendas já tinham tarifas específicas, enquanto 64,1% seguem competindo em condições semelhantes, assim o quadro é heterogêneo e exige resposta setorial.