Pior desempenho

Tarifas dos EUA afundam bolsas europeias e intensificam temor de recessão

As ações europeias iniciaram a semana em forte queda, marcando seu pior desempenho em 16 meses, o índice pan-europeu STOXX 600 desabou 5,8%.

europa 2
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  • Queda histórica no STOXX 600: O índice pan-europeu despencou 5,8%, atingindo o menor patamar em 16 meses, com a maior queda diária desde a pandemia
  • Recessão em vista: Investidores reagem ao risco de recessão após o anúncio do “tarifaço” pelos EUA, que ampliou tensões comerciais globais
  • Efeito dominó: A sexta-feira (4) já havia registrado forte queda, e a segunda-feira (7) consolidou o tombo, refletindo o pessimismo do mercado

As ações europeias iniciaram a semana em forte queda, marcando seu pior desempenho em 16 meses. O índice pan-europeu STOXX 600 desabou 5,8% nesta segunda-feira (7), às 04h22 (horário de Brasília), após já ter registrado na sexta-feira anterior (4) sua maior queda percentual diária desde os primeiros meses da pandemia de COVID-19.

A espiral negativa acontece em meio à escalada do conflito comercial entre Estados Unidos e China, provocada pelo novo pacote tarifário anunciado pelo presidente Donald Trump.

O índice DAX da Alemanha, altamente sensível ao comércio internacional, caiu 6,6%, refletindo o impacto direto das tarifas sobre a indústria europeia. Grandes bancos como o Commerzbank e o Deutsche Bank despencaram 10,7% e 10%, respectivamente, arrastando o setor financeiro europeu para seu pior momento desde 2020.

Fabricantes de armamentos, que antes se beneficiavam da expectativa de aumento nos gastos com defesa, também sofreram fortes perdas: Rheinmetall caiu impressionantes 23,7%, liderando as quedas no STOXX 600, enquanto Hensoldt e Renk recuaram entre 17% e 21%.

A magnitude da correção revela que os mercados estão precificando um cenário mais severo, com risco crescente de recessão global. Investidores buscam refúgio em ativos seguros, abandonando ações de alto risco e pressionando governos e bancos centrais por medidas de resposta.

Política monetária europeia pressiona o mercado

O impacto das tarifas também atingiu em cheio as projeções para a política monetária na zona do euro. Com o crescimento europeu já fragilizado, a expectativa agora é de que o Banco Central Europeu (BCE) seja forçado a cortar juros mais cedo.

Traders já revisaram as apostas para a taxa de depósito do BCE em dezembro para 1,70%, abaixo dos 1,75% da sexta-feira anterior. E, contudo, bem abaixo dos 1,9% estimados antes do tarifaço de Trump.

A pressão sobre o BCE aumentou à medida que as condições financeiras se deterioram. O aumento das incertezas globais e o colapso nos mercados acionários criam espaço para uma postura mais dovish por parte da autoridade monetária. No entanto, cortes nos juros podem ter eficácia limitada diante de uma crise de origem comercial e geopolítica.

O Federal Reserve, nos Estados Unidos, também enfrenta dilemas semelhantes. A retórica agressiva de Trump pressiona a independência dos bancos centrais e desafia os instrumentos clássicos de controle monetário. O temor de uma recessão sincronizada nos EUA, Europa e Ásia ganha força nos relatórios dos principais bancos de investimento.

Trump ignora reações globais

Mesmo com a forte deterioração dos mercados globais, o presidente Donald Trump, portanto, não demonstrou intenção de recuar de sua política tarifária. No fim de semana, ele afirmou que os investidores “teriam que tomar seu remédio” e rejeitou qualquer negociação com a China até que o déficit comercial americano seja eliminado.

De seu resort em Mar-a-Lago, na Flórida, Trump partiu para um campo de golfe após postar: “Esse é um ótimo momento para ficar rico.”

Em sua rede social, Truth Social, o presidente declarou que as tarifas “já estão trazendo dezenas de bilhões de dólares” para os cofres dos EUA e as descreveu como “uma coisa linda de se ver”.

Trump afirmou ainda que tarifas seriam a única solução eficaz para os déficits com a China, União Europeia e outros países. Essa visão foi reforçada com ataques à administração Biden, acusada por ele de permitir o crescimento desses déficits.

“Temos enormes déficits financeiros com a China, a União Europeia e muitos outros. A única maneira de curar esse problema é com TARIFAS, que agora estão trazendo dezenas de bilhões de dólares para os EUA. Elas já estão em vigor e são uma coisa linda de se ver. O superávit com esses países cresceu durante a “presidência” do sonolento Joe Biden. Vamos reverter isso, e reverter RAPIDAMENTE. Algum dia as pessoas perceberão que as tarifas, para os Estados Unidos da América, são uma coisa muito linda!” , escreveu o presidente.

Enquanto isso, os efeitos colaterais se alastram. As bolsas asiáticas abriram em colapso nesta segunda-feira: o índice CSI300 caiu mais de 5%, e o Nikkei 225, de Tóquio, despencou quase 8% logo após a abertura.

O yuan chinês, no entanto, recuou para seu nível mais baixo desde janeiro, e os títulos do governo se valorizaram fortemente diante da fuga para segurança.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ