Efeito Trump

Taxação em 50% pode derrubar o Ibovespa: entenda o impacto para o investidor

Além de surpreender o mercado, tarifa ameaça exportadoras brasileiras, pressiona o dólar, eleva juros e pode forçar revisão do PIB em 2025.

carteira do Ibovespa B3
carteira do Ibovespa B3
  • A tarifa de 50% anunciada por Trump deve começar a valer em 1º de agosto
  • Exportadoras como Embraer, Minerva e Suzano são as mais expostas
  • Alta do dólar e queda da Bolsa podem impactar PIB, inflação e investimentos

O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pegou o mercado financeiro de surpresa na última quarta-feira (9). Sendo assim, a medida, considerada extrema, valerá a partir de 1º de agosto e atinge qualquer item exportado do Brasil para os EUA — inclusive aqueles redirecionados por terceiros.

Segundo Trump, a decisão responde ao “tratamento desrespeitoso” dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a decisões do STF contra empresas americanas de tecnologia. Nesse sentido, analistas afirmam que a reação nos mercados será imediata, com forte impacto sobre o Ibovespa e a cotação do dólar.

Ibovespa deve cair e dólar dispara com risco comercial elevado

De acordo com Gabriel Redivo, diretor da Aware Investments, a quinta-feira (10) será um marco negativo para a Bolsa brasileira. “Sem sombra de dúvidas, os mercados vão sentir essas tarifas. Vai ser um dia decisivo para o Ibovespa em 2025, que vinha batendo recordes”, avalia.

Além disso, o dólar futuro já disparou após o anúncio, atingindo R$ 5,63. A valorização da moeda americana tende a pressionar os juros futuros, elevar os custos logísticos e afetar diretamente o preço de combustíveis e alimentos, conforme explicou Lourenço Neto, da Miura Investimentos.

Desse modo, para o economista Danilo Igliori, da Nomad, o mercado entra em compasso de espera. “A incerteza aumenta, e os investidores devem redobrar a cautela com riscos inflacionários e queda de atividade”, diz.

Exportadoras e setor industrial estão entre os mais afetados

As empresas mais atingidas pela nova alíquota devem ser aquelas com maior exposição ao mercado americano. Embraer (EMBR3), Minerva (BEEF3), Suzano (SUZB3) e Cosan (CSAN3) lideram essa lista, segundo levantamento da XP.

Ademais, para Gustavo Cruz, da RB Investimentos, a alíquota de 50% surpreendeu porque o mercado esperava algo próximo de 20%. “Foi inesperado, principalmente pela força da crítica de Trump agora, fora do ciclo eleitoral”, comenta. Segundo ele, setores como frigoríficos, papel e celulose e aviação devem sofrer forte ajuste.

Diogo Carneiro, da Fipecafi, aponta que também podem surgir impactos indiretos sobre o setor industrial brasileiro. Em suma, empresas que importam peças ou máquinas dos EUA, como as do setor automotivo e de bens de capital, podem enfrentar dificuldades caso o Brasil decida retaliar.

PIB em risco e incertezas sobre permanência da medida

A medida de Trump pode ter efeito direto sobre o Produto Interno Bruto (PIB). Marcos Moreira, da WMS Capital, afirma que a tarifa pode afetar a balança comercial e reduzir a atividade econômica. “Essa taxa é impraticável. Se mantida, exigirá revisão nas projeções do PIB de 2025”, diz.

No entanto, especialistas ponderam que pode haver recuo. Antonio Corrêa de Lacerda, da PUC-SP, vê a medida como possível blefe político. “Trump já recuou em decisões semelhantes no passado. Isso pode ser apenas uma ferramenta de pressão para futuras negociações”, analisa.

Por fim, Felipe Sant’Anna, da Axia Investing, destaca que os EUA podem abrir exceções para produtos essenciais. “Se enfrentarem déficit de suprimentos, é provável que negociem isenções, como já fizeram em outras ocasiões”, explica.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.