Mais uma baixa

Tesla registra nova queda nas vendas e pode fechar 2025 em retração global

Mesmo com financiamento facilitado, falta de modelos baratos e desgaste da marca afastam compradores; entrega caiu 13,5% no 2º trimestre.

Tesla pode abrir fabrica no Brasil
Tesla pode abrir fabrica no Brasil
  • Tesla registrou queda de 13,5% nas entregas no 2º trimestre, segunda retração seguida.
  • Empresa ainda não lançou modelos baratos, enquanto rivais chineses ganham espaço.
  • Imagem política de Elon Musk e risco de fim dos subsídios agravam cenário para 2025.

A Tesla caminha para mais um ano de queda nas vendas globais, mesmo após adotar estratégias como financiamento com juros baixos e descontos pontuais. Desse modo, a montadora de Elon Musk teve nova queda no 2º trimestre de 2025, afetada por modelos defasados e atraso em carros mais baratos.

Segunda queda consecutiva acende sinal de alerta

A montadora norte-americana informou, nesta quarta-feira (2), que as entregas de veículos caíram 13,5% entre abril e junho, marcando a segunda queda trimestral consecutiva. A retração foi maior do que analistas projetavam, mesmo após Elon Musk sinalizar em abril que as vendas estavam melhorando.

Além disso, para evitar mais um ano de queda nas vendas globais, a Tesla precisaria entregar mais de 1 milhão de veículos apenas no segundo semestre, uma tarefa considerada desafiadora. Especialistas citam incertezas macroeconômicas, aumento de tarifas sobre importações e riscos de perda de subsídios federais como entraves à recuperação do volume.

Apesar do número ruim, as ações da empresa subiram 4,5%, porque a queda foi menor do que os piores cenários estimados por analistas. Portanto, a valorização foi impulsionada, em parte, por uma ligeira recuperação da demanda na China, onde o novo Modelo Y começou a apresentar reação moderada no mercado.

Financiamento ajuda, mas falta carro barato

Nos últimos trimestres, a Tesla apostou em ofertas de financiamento com juros reduzidos para atrair compradores. No entanto, essa estratégia sozinha não tem sido suficiente para sustentar o crescimento. A marca segue sem lançar modelos mais baratos, há anos prometidos, e vê concorrentes chineses ganhando espaço com veículos elétricos mais acessíveis e repletos de tecnologia.

Ademais, a expectativa do mercado era de que a empresa iniciasse a produção de um novo carro de entrada, possivelmente uma versão simplificada do Model Y, até o fim de junho. Porém, segundo reportagem da Reuters, esse plano foi adiado por vários meses, o que pode afetar ainda mais a demanda no curto prazo.

No mercado norte-americano, o público demonstra resistência a modelos premium com valores elevados. A ausência de uma opção popular dificulta a penetração em faixas de consumo intermediárias, enquanto marcas como BYD e XPeng avançam no cenário global com propostas mais baratas e modernas.

Marca sofre com imagem política e concorrência

Além dos desafios comerciais, a imagem pública da Tesla e de Elon Musk também entra no radar de analistas. O posicionamento político mais à direita adotado por Musk nos últimos meses, especialmente nos EUA, tem gerado desconforto em parte do público e pode estar impactando negativamente a percepção da marca.

Enquanto isso, concorrentes como BYD, Nio e Li Auto ganham mercado com veículos inovadores, assistentes de inteligência artificial nativa e preços até 40% menores. Mesmo nos Estados Unidos, empresas como Ford e GM já colocaram no mercado modelos elétricos com maior apelo de custo-benefício.

O risco de que o governo norte-americano reduza ou elimine incentivos fiscais, como o crédito de US$ 7.500 por veículo, preocupa ainda mais. Em suma, caso isso aconteça, o custo final para o consumidor pode subir, afastando potenciais compradores em meio à concorrência cada vez mais acirrada.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.