Renda fixa

Tesouro Direto tem queda de mais de 30% em 12 meses, mas expectativa de virada anima investidores

Mesmo com perdas históricas em títulos de longo prazo, especialistas veem momento como oportunidade para ganhos com a possível queda dos juros.

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  • Tesouro Direto acumula perdas de mais de 30% em 12 meses, puxadas por papéis de longo prazo.
  • Alta dos juros e marcação a mercado explicam as quedas, mas cenário tende à reversão.
  • Especialistas recomendam manter títulos até o vencimento e apontam boas oportunidades de entrada.

Nos últimos 12 meses, investidores do Tesouro Direto viram seus papéis amargarem perdas superiores a 30%. Os prejuízos, concentrados em títulos de longo vencimento, são resultado direto da alta dos juros e da marcação a mercado.

No entanto, com sinais de melhora no cenário fiscal e monetário, cresce a expectativa de reversão. Especialistas apontam que o pior já passou — e que agora pode ser o momento ideal para quem pensa no longo prazo.

Por que os títulos despencaram

A queda acentuada no Tesouro Direto está ligada, principalmente, aos papéis prefixados e aos títulos atrelados ao IPCA com vencimentos longos, como 2035 e 2045. Esses ativos registraram desvalorizações expressivas, em razão da alta recente nas taxas futuras de juros.

Isso ocorre porque, no mercado secundário, o valor de um título se ajusta diariamente com base nas condições vigentes. Se os juros sobem, o preço dos títulos emitidos anteriormente — com taxas menores — tende a cair. Esse mecanismo é chamado de marcação a mercado, e impacta diretamente quem precisa vender antes do vencimento.

Ainda assim, é importante lembrar que a perda só se concretiza se o investidor se desfizer do papel antes da hora. Quem mantém o título até o vencimento continuará recebendo a remuneração contratada. E esse é um ponto crucial para entender o momento atual: para quem não precisa de liquidez imediata, o cenário pode até representar uma janela de oportunidade.

Sinais de reversão animam o mercado

Apesar do forte recuo no acumulado de 12 meses, diversos analistas começam a ver a virada de tendência como algo possível no curto e médio prazo. A inflação mostra sinais de desaceleração, e o Banco Central pode retomar os cortes na Selic ainda este ano. Com isso, as taxas longas devem recuar — o que favorece a recuperação dos preços dos títulos já emitidos.

Além disso, o Tesouro Nacional passou a oferecer papéis com taxas superiores a 6% acima da inflação, algo raro nos últimos ciclos econômicos. Essa rentabilidade, considerada elevada, pode compensar o risco percebido pelos investidores no curto prazo.

Outro fator que pode contribuir para essa mudança é o avanço da agenda fiscal no Congresso. Com um ambiente político mais estável e maior previsibilidade das contas públicas, o mercado tende a se ajustar, o que traria alívio para os ativos de renda fixa.

O que o investidor pode fazer agora

Diante de um cenário volátil, a recomendação mais frequente dos especialistas é clara: evitar decisões precipitadas. Vender um título com deságio expressivo pode representar uma perda irrecuperável. Por outro lado, manter o investimento até o vencimento garante o retorno prometido no momento da compra.

Para novos aportes, os papéis de longo prazo voltaram a oferecer rentabilidades atrativas. O Tesouro IPCA+ 2045, por exemplo, chegou a pagar mais de 6,2% acima da inflação — taxa considerada rara por analistas. Portanto, o momento pode ser propício para montar posições que aproveitem o ciclo futuro de queda dos juros.

Ainda que o curto prazo exija cautela, o cenário de médio e longo prazo se mostra mais promissor. Com disciplina e foco no horizonte do investimento, é possível atravessar a turbulência e colher bons frutos no futuro.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.