Notícias

Toffoli suspende multa bilionária da J&F que tem esposa como advogada

Ministro Dias Toffoli suspende multa aplicada à J&F e autoriza acesso a mensagens da Operação Spoofing, revisando acordo de leniência.

Foto/Reprodução GDI
Foto/Reprodução GDI

Ministro Dias Toffoli suspende multa aplicada à J&F e autoriza acesso a mensagens da Operação Spoofing, revisando acordo de leniência.

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), emitiu uma decisão impactante, suspendendo o pagamento de uma multa de R$ 10,3 bilhões imposta à J&F, conglomerado dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

A decisão também incluiu a autorização para que a empresa tenha acesso à íntegra das mensagens da Operação Spoofing, que envolve conversas entre procuradores da Lava Jato. Além disso, Toffoli permitiu que a J&F reavalie os anexos de seu acordo com a Controladoria-Geral da União (CGU). Esta decisão vem após um recurso apresentado pela J&F, desafiando a anulação de um desconto anterior na multa pelo Conselho Institucional do MPF.

Decisão do STF impacta acordo de leniência da J&F

Em uma decisão provisória, o ministro Dias Toffoli do STF suspendeu a multa de R$ 10,3 bilhões que havia sido aplicada à J&F, grupo empresarial dos irmãos Joesley e Wesley Batista. A decisão também concede à empresa acesso a mensagens trocadas por procuradores da Lava Jato, capturadas na Operação Spoofing.

Toffoli permitiu ainda que a J&F reavalie os anexos de seu acordo de leniência com a CGU, após a empresa solicitar a correção de “abusos praticados”. A decisão responde a um recurso da J&F, que contestava a anulação de um desconto na multa pelo Conselho Institucional do MPF.

A esposa de Toffoli, Roberta Rangel, é advogada do grupo J&F, atuando no litígio entre a empresa e a Paper Excellence pelo controle da Eldorado Celulose. Dos quatro pedidos feitos pela J&F, Toffoli rejeitou apenas um, relacionado à suspensão da venda da Eldorado Celulose.

O acordo de leniência, firmado em 2017, foi uma resposta aos danos causados à administração pública e aos fundos de pensão por crimes atribuídos aos executivos do grupo. Os irmãos Batista confessaram ter pago propinas a políticos e agentes públicos.

A decisão de Toffoli levanta questões sobre a voluntariedade da J&F ao firmar o acordo de leniência e a legalidade da atuação dos procuradores, além de possíveis conflitos de interesse na determinação da alienação de bens e empresas da companhia.

Irmãos Batista livres de acusações de insider trading pela CVM

Ainda no mês passado, em uma decisão aguardada pelo mercado financeiro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) concluiu o julgamento de três processos envolvendo os irmãos Wesley e Joesley Batista, sócios da holding J&F, que controla empresas como JBS e PicPay. As acusações eram graves: uso de informação privilegiada e manipulação de mercado, relacionadas ao episódio que ficou conhecido como “Joesley Day” em 2017.

O julgamento, que começou no fim de maio, foi retomado após um pedido de vistas da diretora Flávia Perlingeiro, que votou pela condenação dos empresários. No entanto, a maioria dos diretores e o presidente da CVM já haviam se posicionado pela absolvição, o que prevaleceu na decisão final.

Os processos investigavam a compra e venda de ações da JBS e negociações de contratos de câmbio e juros, buscando determinar se houve benefício com base em informações não públicas após o anúncio do acordo de delação dos irmãos com a Procuradoria-Geral da República. A revelação do acordo e de uma conversa entre Joesley e o então presidente Michel Temer causou um terremoto no mercado, com o Ibovespa despencando e ações da JBS caindo quase 10%.

“A decisão desfaz uma injustiça, atesta o pleno funcionamento das instituições no Brasil e reafirma a integridade das operações dos executivos e empresas do grupo J&F no mercado financeiro”, disse a J&F (holding que controla JBS, Eldorado Brasil, PicPay), em nota.

A absolvição dos irmãos Batista encerra um capítulo polêmico de acusações de práticas ilícitas no mercado financeiro. A J&F celebrou a decisão como uma vitória da justiça e uma confirmação da integridade de suas operações. A decisão da CVM pode ser vista como um sinal de confiança nas instituições financeiras do país, apesar das divergências internas evidenciadas pelo voto dissonante da diretora Perlingeiro.

Fernando Américo
Fernando Américo
Sou amante de tecnologias e entusiasta de criptomoedas. Trabalhei com mineração de Bitcoin e algumas outras altcoins no Paraguai. Atualmente atuo como Desenvol