
- 55% dos brasileiros concordam com as medidas impostas a Bolsonaro, como o uso de tornozeleira eletrônica.
- Também 55% acreditam que ele queria deixar o país, reforçando suspeitas de obstrução.
- Dados indicam que o discurso de perseguição perde força diante da opinião da maioria.
A mais recente pesquisa do Instituto Datafolha revela que a maioria dos brasileiros apoia as medidas cautelares impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Entre elas, estão o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e proibição de contato com outros investigados.
Além disso, o levantamento mostra que grande parte da população acredita que Bolsonaro tinha a intenção de deixar o país. Os dados refletem a polarização política ainda presente no Brasil, mas também indicam um desgaste na imagem do ex-presidente diante de acusações de obstrução de Justiça e articulações internacionais.
Tornozeleira e restrições têm apoio da maioria
Segundo o Datafolha, 55% dos entrevistados concordam com as restrições impostas a Bolsonaro pela decisão do Supremo. Dentre esses, 44% afirmam concordar totalmente, enquanto 11% dizem concordar em parte. As medidas foram aplicadas no último dia 18 de julho, durante operação da Polícia Federal autorizada por Moraes.
Entre as ações cautelares, destacam-se o uso obrigatório de tornozeleira eletrônica, o recolhimento domiciliar à noite e nos fins de semana, além da proibição de contato com alvos da mesma investigação. A PF apura possíveis crimes de coação no curso do processo, obstrução de Justiça e ameaça à soberania nacional por parte do ex-presidente.
Enquanto isso, 41% dos entrevistados declararam discordar das medidas, sendo que 32% afirmam discordar totalmente e 9% em parte. Já 1% disseram não concordar nem discordar, e 3% não souberam opinar. A pesquisa ouviu 2.004 pessoas entre os dias 29 e 30 de julho, em 130 municípios, com margem de erro de dois pontos percentuais.
Apesar das críticas vindas de apoiadores do ex-presidente, os dados demonstram que mais da metade da população entende as medidas como adequadas, especialmente diante do agravamento das acusações e das conexões internacionais atribuídas a Bolsonaro.
Desconfiança quanto à intenção de fuga
A percepção de que Bolsonaro buscava deixar o Brasil também ganhou força entre os brasileiros. De acordo com o levantamento, 55% acreditam que ele tinha a intenção de sair do país, enquanto apenas 36% consideram que não havia esse plano. Os demais 10% não souberam responder à pergunta.
Esse dado reforça o sentimento de desconfiança em torno das ações do ex-presidente nos bastidores. Após meses de tensões institucionais, operações da PF e acusações de cooperação com lideranças estrangeiras, uma parcela significativa da sociedade parece enxergar Bolsonaro como alguém disposto a escapar das consequências jurídicas.
Assim, as suspeitas cresceram após o avanço das investigações sobre articulações internacionais promovidas por aliados do ex-presidente. Moraes chegou a afirmar que tais ações se tratam de uma “traição à pátria”, ao tentar envolver um governo estrangeiro na pressão contra o STF e na imposição de tarifas contra o Brasil.
Embora Bolsonaro negue qualquer tentativa de evasão, o dado sugere que os argumentos de sua defesa não têm convencido a opinião pública. Desse modo, o debate agora se desloca para o campo da responsabilização jurídica e do impacto político de tais percepções.
Tensões institucionais continuam a alimentar polarização
A ofensiva judicial contra Bolsonaro acontece em um momento delicado, no qual o Supremo Tribunal Federal tem sido alvo de críticas constantes. Ainda assim, a pesquisa mostra que parte expressiva da sociedade legitima o papel da Corte na contenção de riscos institucionais.
Além disso, Moraes tem repetido que as ações da PF seguem evidências robustas e que há farta documentação indicando cooperação internacional com objetivos golpistas. A menção às tarifas impostas por Trump contra o Brasil foi usada como exemplo da influência que os aliados de Bolsonaro ainda exercem externamente.
Ademais, nesse ambiente, o julgamento da opinião pública pode pesar tanto quanto o jurídico. Ao perceber o ex-presidente como alguém que tentou burlar a Justiça e comprometer a economia nacional, parte significativa dos brasileiros reforça o apoio às instituições e rejeita posturas consideradas antidemocráticas.
Portanto, embora a disputa política continue acirrada, os dados do Datafolha sinalizam um enfraquecimento do discurso de perseguição e uma crescente aceitação das sanções impostas pelo Judiciário.