
- Totvs comprou a Linx por R$ 3,05 bilhões, com múltiplos abaixo do seu próprio valuation.
- Stone encerra parceria com a Linx, sem acordo de integração após a venda.
- A Totvs usará o recurso para recompras e pagamento de dividendos, reforçando sua liderança no setor.
A Totvs surpreendeu o mercado ao anunciar a compra da Linx por R$ 3,05 bilhões. O acordo encerra a tentativa da Stone de integrar a empresa de software à sua operação de serviços financeiros, uma fusão que nunca deslanchou.
Nesse sentido, o negócio movimenta o setor de tecnologia e mostra uma reviravolta estratégica. Sendo assim, a Totvs aproveitou o desgaste da rival e arrematou um ativo valioso por um múltiplo inferior ao que ela mesma vale na Bolsa. Enquanto isso, a Stone lucra com a venda e libera recursos para focar no core business.
Totvs compra com desconto, Stone lucra com desfecho
A transação ocorreu a um múltiplo de 11,5 vezes o lucro estimado da Linx em 2026, de R$ 260 milhões. Para a Totvs, que negocia a 22 vezes seu lucro projetado, isso significa um bom desconto. Já a Stone, avaliada a 7 vezes seu lucro, conseguiu vender por um valor bem acima de sua própria média.
Além do valor direto, o acordo incluiu o caixa líquido da Linx, de R$ 360 milhões, que ficará com a Stone. Logo, tudo que a Linx gerar até a conclusão da operação também será incorporado ao caixa da vendedora. Assim, esse detalhe torna o negócio ainda mais vantajoso para quem se desfaz do ativo.
Ao analisar o múltiplo EV/caixa gerado, uma métrica comum no setor de software, a negociação saiu a 20x. Isso se compara aos 23x em que a Totvs é avaliada na Bolsa. Na prática, a fintech se desfez de um ativo que gerava dúvidas e conseguiu um bom retorno. A Totvs, por outro lado, expandiu seu portfólio com um produto que conhece bem.
A Totvs encerrará a parceria com a Linx sem firmar um acordo de continuidade
Uma das grandes incertezas girava em torno da parceria comercial entre Stone e Linx. No entanto, fontes próximas à negociação confirmaram que esse vínculo chegou ao fim. As duas empresas voltarão a disputar o mercado livremente, sem exclusividades ou acordos de integração.
Além disso, a tentativa de fusão entre as operações nunca se concretizou. Na prática, a integração se limitava ao backoffice. As áreas de vendas, atendimento e sistemas continuaram isoladas. Isso gerou frustração interna e levou a Stone a iniciar o processo de venda ainda em 2023.
Assim, durante o processo, a fintech também se desfez da SimplesVet por R$ 140 milhões. Os demais ativos de software, como Reclame Aqui e Questor, continuam sob análise. A empresa agora avalia quais dessas participações ainda fazem sentido estratégico e quais devem ser vendidas.
Segundo fontes internas, o valor arrecadado com a venda da Linx deve financiar recompras de ações e distribuir dividendos. Portanto, a Stone afirma que o excesso de capital favorece a continuidade da política de retorno ao acionista, mas não descarta novas aquisições no futuro.
Totvs reforça liderança enquanto Stone reorganiza seu portfólio
O processo de venda começou em setembro do ano passado e atraiu diversos interessados, incluindo fundos de private equity e gigantes do setor. Em fevereiro, a Stone suspendeu as negociações por não encontrar ofertas compatíveis. Porém, apenas em abril as conversas com a Totvs foram retomadas de forma exclusiva.
Ademais, a Totvs aproveitou o momento e garantiu o acordo. Sendo assim, com a aquisição, ela reforça sua liderança no setor de software para empresas, especialmente no varejo. O domínio sobre a Linx traz sinergias e fortalece sua posição frente à concorrência.
Já a Stone segue um caminho diferente. A fintech decidiu reduzir sua exposição a ativos fora do núcleo financeiro. Com isso, ganha foco, liquidez e liberdade para explorar novas frentes sem carregar o peso de uma integração que nunca funcionou.