
- Trump afirmou que o Brasil não tem tratado bem os EUA e indicou que anunciará uma tarifa até amanhã
- Discurso ocorre em meio a críticas de Trump à investigação contra Bolsonaro no Brasil
- Dólar reagiu imediatamente e disparou para R$ 5,82 com temor de medidas retaliatórias
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta quarta-feira (9) que o Brasil “não tem sido bom para nós” e prometeu divulgar, até esta quinta-feira (10), o valor da tarifa que será aplicada contra o país. Segundo ele, a taxa pode ser conhecida ainda na tarde de hoje ou na manhã seguinte.
Trump argumentou que as tarifas adotadas nesta semana contra outros países se basearam em “fatos muito, muito significativos”. Ele reforçou que o Brasil se encaixa nesse histórico e sugeriu que as medidas contra o governo brasileiro seguem essa mesma lógica.
Dólar dispara com temor de retaliação comercial
A declaração provocou reações imediatas no mercado financeiro. O dólar, que já subia durante a manhã, disparou com força após a fala. Às 14h55, a moeda norte-americana avançava 0,67% e era negociada a R$ 5,82. Investidores reagiram com cautela diante da possibilidade de sanções comerciais ao Brasil.
Ademais, além do impacto direto nas negociações cambiais, a tensão entre os dois países cresceu nos últimos dias. Nesta segunda-feira (7), Trump defendeu o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em uma rede social, ele classificou como perseguição política o processo movido contra o brasileiro por suposta tentativa de golpe. “Deixem Bolsonaro em paz!”, escreveu.
Desse modo, esse alinhamento político intensificou a percepção de que a nova tarifa pode ter motivações além do comércio. Ainda assim, o governo americano sinalizou que pretende tratar o Brasil como qualquer outro parceiro comercial que, na visão da Casa Branca, age de forma desvantajosa para os EUA.
Brasil pode ser incluído em lista de sanções
Desde o início do mês, Donald Trump já anunciou medidas tarifárias contra mais de 20 países. A nova rodada inclui Argélia, Iraque, Brunei, Líbia, Moldávia e Filipinas. Essas nações receberam cartas oficiais com tarifas entre 20% e 40%, que entram em vigor em 1º de agosto.
Sendo assim, com a promessa de um novo anúncio nas próximas horas, o Brasil pode entrar nessa lista. Produtos como aço, carnes, grãos e autopeças são potenciais alvos, já que respondem por uma parte significativa das exportações brasileiras aos EUA. Caso a tarifa atinja esses setores, os efeitos econômicos podem ser imediatos.
Por fim, a sinalização de Trump reforça o uso de tarifas como instrumento de pressão política e econômica. Ao condicionar as alíquotas ao relacionamento com os países, ele tenta forçar concessões rápidas em negociações bilaterais. Em suma, a postura já rendeu acordos com outras nações e agora pode mirar o governo brasileiro.
Diplomacia brasileira acompanha com atenção
O Itamaraty ainda não divulgou uma posição oficial. No entanto, diplomatas ouvidos por agências internacionais confirmaram que o embaixador brasileiro em Washington já iniciou conversas com autoridades dos EUA. A meta é entender o alcance da medida e, se necessário, buscar soluções diplomáticas para reduzir o impacto.
Além disso, nos bastidores, integrantes do governo avaliam que Trump age com viés eleitoral. Ele tenta manter o apoio de setores nacionalistas e se apresenta como defensor da indústria americana. Mesmo assim, há risco de que a medida afete setores importantes do agronegócio e da indústria brasileira.
Desse modo, o governo deve divulgar o valor da tarifa até a manhã desta quinta-feira. Se isso ocorrer, o governo brasileiro poderá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar formalmente a decisão. Portanto, até lá, as incertezas devem seguir pesando sobre os mercados e os bastidores diplomáticos.