Mais tensão

Trump mira Brasil e ameaça estatal com novas sanções

Governo americano prepara medidas contra estatal e importações russas em meio ao julgamento de Bolsonaro.

donald trumpeuacasa branca em washington1705200344
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  • O governo Trump avalia sanções contra o Banco do Brasil após aplicação da Lei Magnitsky.
  • O tarifaço de 50% segue em discussão, com empresas americanas pedindo manutenção da barreira.
  • Os EUA planejam taxar o diesel russo importado pelo Brasil, medida que amplia tensões bilaterais.

O governo Donald Trump prepara uma nova ofensiva contra o Brasil. Fontes em Washington confirmaram que o alvo mais imediato pode ser o Banco do Brasil. A instituição é acusada de atender Alexandre de Moraes após a aplicação da Lei Magnitsky. Além disso, medidas contra importações de óleo diesel da Rússia e contestação das defesas brasileiras contra o tarifaço de 50% também estão em análise.

O movimento ocorre em um momento delicado: nesta terça-feira (2), o Supremo Tribunal Federal inicia o julgamento de Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe de Estado. Em paralelo, os EUA articulam pressões comerciais e diplomáticas que elevam as tensões bilaterais e colocam o setor financeiro e de commodities brasileiros no centro da disputa.

Banco do Brasil sob pressão direta

A sanção mais iminente seria contra o Banco do Brasil, após o episódio envolvendo o fornecimento de cartão Elo ao ministro Alexandre de Moraes. No dia 21 de agosto, uma instituição cancelou o cartão Mastercard do magistrado, e o BB teria oferecido a alternativa nacional, gesto que despertou reação do Tesouro americano.

O risco para o banco é significativo. O histórico de punições nos EUA mostra multas bilionárias a instituições que descumpriram sanções, como no caso do BNP Paribas, que pagou US$ 9 bilhões em 2014, e do Standard Chartered, multado em diversas ocasiões. Assim, para investidores, a possibilidade de o BB ser enquadrado nesse tipo de processo gera incerteza sobre custos futuros e impacto na reputação internacional.

O banco, por sua vez, reiterou que atua em conformidade com a legislação brasileira, com as regras dos mais de 20 países onde opera e com os padrões internacionais. Desse modo, a instituição declarou estar preparada para lidar com temas complexos e regulatórios em nível global.

Tarifaço e disputa comercial

As tarifas de 50% impostas por Trump às exportações brasileiras continuam no centro da disputa. Nesta semana, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA realiza audiência para avaliar os argumentos apresentados pelo governo brasileiro. Empresas americanas, porém, pressionam pela manutenção da alíquota.

Associações de setores como celulose, madeira, soja e pecuária alegam que a competitividade brasileira se apoia em práticas de desmatamento ilegal e trabalho forçado. Além disso, elas defendem que os EUA fechem espaço para produtos do Brasil e direcionem a China para ampliar importações de fornecedores americanos.

No campo do comércio digital, as críticas recaem sobre a tributação mínima de 15% imposta pelo governo brasileiro a serviços de inteligência artificial, data centers e streaming. Portanto, instituições financeiras americanas também atacaram o Banco Central por atuar como regulador e concorrente, citando o Pix como ameaça a sistemas de pagamento dos EUA.

Rússia no alvo de sanções

Outro ponto de atrito deve ser a importação de diesel russo pelo Brasil. O governo Trump planeja elevar tarifas, repetindo a medida aplicada recentemente contra a Índia, cuja alíquota saltou de 25% para 50%. A decisão pode ser anunciada dentro de até duas semanas, segundo fontes em Washington.

O Brasil importou US$ 12,5 bilhões em produtos russos no último ano, principalmente diesel e fertilizantes. A Índia comprou US$ 63 bilhões e a China, que negocia acordo direto com os EUA, importou US$ 130 bilhões. Ademais, a medida contra o Brasil sinaliza que Washington tenta isolar a Rússia comercialmente ao mesmo tempo em que pressiona parceiros estratégicos.

Por fim, se confirmadas, as sanções podem afetar diretamente a cadeia de energia e fertilizantes no Brasil, ampliando custos internos e pressionando margens de empresas ligadas ao agronegócio e ao transporte.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.