Trégua temporária

Trump recua e adia tarifa de 50% sobre o Brasil, mas não foi por acaso

Embraer escapa da punição e suco de laranja entra na lista de exceções; governo americano dá sete dias antes de impor tarifa bilionária.

Trump
  • Trump adia em sete dias a entrada em vigor da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros
  • Decreto isenta itens estratégicos como peças de avião e suco de laranja
  • Embraer respira aliviada, e real reduz perdas após susto inicial

A guerra comercial entre Brasil e Estados Unidos ganhou uma pausa estratégica. O presidente Donald Trump assinou na quarta-feira (30) um decreto que adia por sete dias a implementação das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. O documento veio acompanhado de uma lista de isenções que favorecem diretamente empresas como a Embraer.

A medida, apesar de manter o tom agressivo da retórica da Casa Branca, abriu espaço para negociação. O governo dos EUA justificou as tarifas como resposta a políticas brasileiras que ameaçariam a segurança nacional americana. No entanto, a exclusão de setores-chave mostra que o impacto será seletivo, ao menos por ora.

Embraer escapa da mira de Trump

Uma das surpresas do decreto foi a inclusão de peças de aeronaves na lista de exceções. A medida poupa a Embraer, que mantém operação robusta nos Estados Unidos, com mais de 2 mil funcionários. Sobretaxas em exportações de componentes e manutenção teriam atingido duramente a empresa.

Fontes ligadas à fabricante afirmam que o grupo já havia intensificado o diálogo com autoridades americanas para demonstrar os riscos das tarifas. O argumento principal era o impacto sobre empregos locais e cadeias produtivas integradas entre os dois países.

A reação do mercado foi imediata. As ações da Embraer chegaram a cair com a divulgação inicial do decreto, mas reverteram as perdas após a divulgação das exceções. O câmbio também sentiu o alívio temporário: após a Casa Branca confirmar o adiamento, o real recuperou parte da perda de cerca de 1% frente ao dólar.

Suco de laranja e outros produtos escapam da lista

Além das peças de aeronaves, outros produtos estratégicos ficaram de fora da nova tarifa. O suco de laranja, um dos principais itens da pauta exportadora do agronegócio brasileiro para os EUA, também foi isentado. A decisão beneficia diretamente empresas do setor citrícola, especialmente do estado de São Paulo.

Embora a tarifa anunciada por Trump ainda tenha potencial devastador sobre diversos segmentos, o recuo parcial indica que há espaço para ajustes e lobby setorial. Segundo fontes diplomáticas, o governo brasileiro continuará negociando para ampliar a lista de exceções antes que o prazo de sete dias se esgote.

Portanto, a sinalização é de que Trump não quer paralisar setores que beneficiam diretamente a economia americana, especialmente em ano eleitoral. Isso não significa, porém, que a pressão sobre o Brasil será aliviada.

Setor produtivo segue em alerta

Apesar das exceções e do adiamento, o risco comercial segue no radar de empresários e investidores. A imposição da tarifa de 50% pode impactar setores como siderurgia, alimentos processados, têxteis e autopeças, que seguem na lista principal.

Além disso, a justificativa do decreto reforça a narrativa política que sustenta a medida. A Casa Branca afirma que o julgamento de Jair Bolsonaro constitui perseguição política e que ações do governo Lula colocam em risco os valores democráticos e os interesses americanos.

Ademais, para analistas de mercado, o adiamento de sete dias é uma tentativa de ganhar tempo e avaliar o impacto político da medida. Ao mesmo tempo, permite que os setores mais sensíveis sejam protegidos, evitando que o tiro saia pela culatra em solo americano.

Enquanto isso, o Brasil articula sua reação no campo diplomático e jurídico. Desse modo, o Itamaraty deve acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) caso as tarifas sejam aplicadas em sua totalidade.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.