- Rússia esclarece que o Brics nunca discutiu a criação de uma moeda própria, como sugerido por Trump, e que o foco está em plataformas de investimentos conjuntos
- O ex-presidente dos EUA volta a ameaçar o Brics com tarifas de 100% caso os países substituam o dólar por outra moeda de reserva
- Discussões sobre maior uso de moedas nacionais ganham força após sanções ocidentais à Rússia, mas não envolvem a criação de uma moeda comum, como Trump insinua
O Kremlin afastou mais uma vez as ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar tarifas de 100% sobre os países do Brics caso estes decidam criar uma moeda própria.
De acordo com Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, o grupo de países nunca discutiu a criação de uma moeda comum. E, na verdade, está focado em iniciativas diferentes, como plataformas de investimento conjunto.
A resposta veio após Trump renovar sua ameaça em uma postagem nas redes sociais. Dessa forma, “alertando os membros do Brics sobre as consequências” de substituir o dólar norte-americano.
Advertir os países
Na quinta-feira, 30 de janeiro de 2025, Trump usou sua rede social Truth Social para advertir os países do Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, a não substituir o dólar como moeda de reserva internacional.
“Exigiremos um compromisso desses países aparentemente hostis de que eles não criarão uma nova moeda do Brics, nem apoiarão nenhuma outra moeda para substituir o poderoso dólar americano, ou enfrentarão tarifas de 100%”, afirmou Trump, repetindo uma ameaça similar feita no final de 2024, pouco após vencer as eleições presidenciais.
A declaração de Trump reflete um tom agressivo, no qual ele insiste que qualquer tentativa de enfraquecer a posição do dólar no mercado global resultaria em severas sanções econômicas.
A ameaça de tarifas pesadas, que causaria um impacto significativo no comércio internacional, parece se concentrar no receio de que os países do Brics possam avançar para uma maior utilização de suas moedas nacionais em transações comerciais, o que diminuiria a dependência do dólar.
Refutar acusações
No entanto, o Kremlin, representado por Dmitry Peskov, foi claro em refutar as acusações, declarando que o Brics nunca discutiu a criação de uma moeda comum.
“O Brics está falando sobre a criação de novas plataformas de investimento conjunto, que permitiriam investimentos mútuos em terceiros países e promoveriam o crescimento econômico entre os membros”, disse Peskov em resposta.
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Ele ressaltou ainda que as declarações de Trump não são novas e que o presidente dos Estados Unidos, quando estava no cargo, já havia feito afirmações semelhantes.
Peskov também sugeriu que os especialistas dos Estados Unidos poderiam precisar de mais esclarecimentos sobre a agenda do Brics. A mensagem do Kremlin foi clara: o grupo de países não está empenhado em criar uma moeda que possa competir com o dólar.
Em vez disso, os membros estão buscando formas de fortalecer a cooperação econômica entre eles. Principalmente por meio de plataformas que incentivem investimentos em mercados emergentes.
Ameaças de Trump
A ameaça de Trump coincide com o aumento das discussões dentro do Brics sobre como reduzir sua dependência do dólar. Especialmente, após as sanções econômicas impostas à Rússia devido à invasão da Ucrânia.
A guerra na Ucrânia e as sanções ocidentais reforçaram a necessidade de alternativas ao dólar em transações internacionais. Embora, nenhum movimento formal tenha sido feito para estabelecer uma moeda comum.
Em dezembro de 2024, o Kremlin já havia reagido às ameaças de Trump, afirmando que qualquer tentativa dos Estados Unidos de forçar os países do Brics a utilizarem o dólar seria contraproducente.
A Rússia, assim como outros membros do bloco, busca ampliar suas opções comerciais e financeiras sem estar atada exclusivamente às políticas dos Estados Unidos.
BRICS
O Brics, que engloba uma parte significativa da população mundial e uma diversidade de economias, segue focado em diversificar suas formas de cooperação econômica.
Ao mesmo tempo, permanece vigilante diante das possíveis repercussões das políticas dos EUA, que continuam a gerar tensões no comércio global.
O futuro do bloco e suas estratégias para lidar com a hegemonia do dólar ainda são incertos. Mas, as declarações do Kremlin indicam que o grupo está comprometido em encontrar soluções que atendam às suas necessidades econômicas. Assim, sem ser pressionado por ameaças externas.
