
- Uber e Baidu lançam robotáxis em mercados da Ásia e Oriente Médio ainda este ano;
- Serviço Apollo Go da Baidu já superou 11 milhões de viagens, acima da Waymo;
- Uber quer ser a maior plataforma global de robotáxis, atuando como integradora, não desenvolvedora.
A Uber anunciou nesta terça-feira (15) uma aliança estratégica com a gigante chinesa Baidu. Juntas, elas lançarão robotáxis fora da China continental e dos EUA. Sendo assim, a parceria de longo prazo começará ainda neste ano. Assim, a Uber integrará milhares de veículos autônomos ao app na Ásia e no Oriente Médio.
Ademais, segundo as companhias, a expansão deve atingir também a Europa e a Oceania nos próximos anos. Desse modo, com a parceria, a Uber aposta na mobilidade autônoma sem investir na tecnologia. Já a Baidu avança como líder global em corridas com veículos sem motorista.
Robotáxis já superam 11 milhões de corridas
A Baidu, que opera o serviço Apollo Go, informou que já superou a marca de 11 milhões de viagens públicas com robotáxis, ultrapassando o volume da Waymo, subsidiária da Alphabet, que alcançou 10 milhões até maio deste ano. Os veículos da Baidu já circulam em mais de uma dúzia de cidades ao redor do mundo, e a empresa quer acelerar essa expansão com o apoio da Uber.
De acordo com um porta-voz da plataforma, os carros autônomos estarão visíveis diretamente no app da Uber, ao lado das opções tradicionais. A nova função será integrada de forma gradual, conforme a legislação e os testes locais forem sendo superados. Cidades como Singapura, Malásia e Suíça já estão no radar da empresa para os próximos lançamentos.
A aliança não é exclusiva. Outras empresas chinesas, como WeRide, Pony AI e Momenta Technology, também firmaram acordos com a Uber para disponibilizar seus carros autônomos em países do Oriente Médio e da Europa. Esses contratos ampliam o portfólio da Uber em direção a um modelo de plataforma de integração, não de desenvolvimento próprio.
Uber aposta em integração, não em fabricação
A Uber vem mudando sua estratégia no setor de direção autônoma desde que vendeu sua divisão própria de veículos autônomos, a ATG, em 2020. Desde então, optou por formar mais de uma dúzia de parcerias com desenvolvedores e fabricantes em todo o mundo, posicionando-se como vitrine para a comercialização de tecnologias autônomas de terceiros.
Esse modelo já permitiu à Uber disponibilizar viagens com robotáxis em cidades como Phoenix, Austin, Atlanta e Abu Dhabi, em cooperação com empresas como Waymo e Motional. Agora, com a entrada da Baidu e das startups chinesas, o plano é escalar o serviço para dezenas de novas regiões.
A escolha da Baidu como parceira principal na Ásia e no Oriente Médio não é à toa. A empresa chinesa domina o setor de direção autônoma em seu país de origem e já conta com certificações para operar sem condutores em zonas urbanas de alta densidade. Essa experiência pode acelerar o avanço da Uber nessas regiões, onde a regulamentação ainda está em construção.
Desafios regulatórios e impacto no setor
Apesar da empolgação com a novidade, especialistas apontam que a expansão dos robotáxis dependerá de fatores como aceitação pública, infraestrutura urbana e, principalmente, regulação local. Muitos países ainda não têm normas definidas para veículos sem motorista, o que pode atrasar a implementação em larga escala.
Ainda assim, a aliança Uber-Baidu representa uma ameaça direta a empresas como Tesla, Waymo e Cruise, que apostam em estratégias de desenvolvimento vertical. A Baidu tem a vantagem de já operar com escala relevante e de ter conseguido manter custos mais baixos por carro do que suas concorrentes americanas.
A corrida por dominar o mercado de robotáxis está longe de terminar. Mas com essa nova ofensiva global, a Uber dá sinais claros de que quer liderar o setor, ainda que sem construir os carros com as próprias mãos.