- A partir de sexta-feira (5), a UE implementará tarifas sobre importação de veículos elétricos fabricados na China
- Inicialmente, as tarifas serão provisórias por um período de quatro meses, durante o qual espera-se intensas negociações entre as partes
- As tarifas provisórias da Comissão Europeia, variando de 17,4% a 37,6%, dessa forma, sem têm efeito retroativo e visam evitar o que a presidente Ursula von der Leyen chamou de “ameaça de inundação”
A União Europeia (UE) implementará tarifas de até 37,6% sobre importações de veículos elétricos fabricados na China a partir desta sexta-feira (5). Isto, conforme informaram autoridades do bloco, intensificando as tensões com Pequim no maior caso comercial de Bruxelas até o momento.
Inicialmente, as tarifas serão provisórias por um período de quatro meses, durante o qual espera-se intensas negociações entre as partes. Enquanto Pequim ameaça uma retaliação ampla.
As tarifas provisórias da Comissão Europeia, variando de 17,4% a 37,6%, não têm efeito retroativo e visam evitar o que a presidente Ursula von der Leyen chamou de “ameaça de inundação” do mercado com veículos elétricos baratos subsidiados pelo governo chinês.
As tarifas, detalhadas em um documento de 208 páginas publicado nesta quinta-feira (4), são quase idênticas às anunciadas pela Comissão em 12 de junho. Assim, com pequenos ajustes após correções de erros de cálculo apontados pelas empresas.
Pequim afirmou que tomará “todas as medidas necessárias” para proteger seus interesses, o que pode incluir tarifas retaliatórias sobre exportações para a China de produtos como conhaque e carne de porco.
O chefe de comércio da UE, Valdis Dombrovskis, declarou que não há justificativa para a China retaliar.
“Nosso objetivo é… garantir concorrência leal e condições de concorrência equitativas”, disse em entrevista à Bloomberg.
A investigação antissubsídios da UE, portanto, ainda tem quase quatro meses pela frente.
Negociações
“Essas negociações com a China estão em andamento e, de fato, caso surja uma solução mutuamente benéfica, também poderemos encontrar maneiras de não aplicar, no final das contas, as tarifas”, aponta Dombrovskis.
“Mas está muito claro que esta solução precisaria resolver a distorção do mercado que estamos tendo atualmente… e precisa ser compatível com o mercado.”
O Ministério do Comércio da China afirmou nesta quinta-feira (4), que ambos os lados realizaram até agora várias negociações técnicas sobre tarifas.
“Esperamos que os lados europeu e chinês avancem na mesma direção, mostrem sinceridade e avancem com o processo de consulta o mais rápido possível”, explica He Yadong, porta-voz do ministério.
A UE anunciou hoje, que a BYD enfrentará tarifas de 17,4%, a Geely de 19,9% e a SAIC de 37,6%, um aumento significativo em relação à taxa padrão de importação de automóveis de 10%.
Empresas que colaboraram com a investigação antissubsídios, como Tesla e BMW, estarão sujeitas a tarifas de 20,8%. Enquanto aquelas que não cooperaram enfrentarão uma alíquota de 37,6%.
As críticas começaram
A maior fabricante de automóveis da Europa, Volkswagen, foi rápida em criticar o anúncio das tarifas desta quinta-feira (4).
“Os efeitos negativos desta decisão superam quaisquer benefícios para a indústria automóvel europeia e especialmente para a alemã”, disse um porta-voz da Volks em comunicado.
Executivos da indústria automotiva expressaram preocupação com as novas tarifas, temendo retaliações que possam prejudicar a competitividade de seus veículos na China, especialmente quando já enfrentam uma crescente concorrência de fabricantes nacionais no mercado de veículos elétricos.
No ano passado, um terço das vendas das montadoras alemãs ocorreu na China.
A Comissão Europeia estimou que a participação de marcas chinesas no mercado da UE aumentou para 8%, em comparação a menos de 1% em 2019, e pode alcançar 15% até 2025. Além disso, afirma que os preços dos veículos chineses são geralmente 20% mais baixos que os dos modelos fabricados na UE.
A Associação Chinesa de Automóveis de Passageiros comentou, contudo, que as tarifas terão um impacto modesto na maioria das empresas chinesas.