
- A alta de 12,92% nos aluguéis é mais que o dobro do IPCA, refletindo os efeitos da Selic alta
- São Paulo lidera em preços altos, com bairros como Itaim Bibi e Pinheiros superando R$ 90/m²; Salvador registra aumento de 34,61%
- O aumento no preço dos aluguéis impacta principalmente a classe média, que depende do financiamento imobiliário
Os sucessivos aumentos da Selic, a taxa básica de juros do Brasil, têm gerado efeitos colaterais consideráveis na economia. Um dos principais impactos tem sido o encarecimento do financiamento imobiliário, o que tem levado muitas pessoas a optarem pelo aluguel.
Isso, por sua vez, tem impulsionado os preços do setor, com o Índice FipeZap, principal indicador do mercado. Assim, mostrando uma variação de 12,92% nos preços de aluguéis nos últimos 12 meses, bem acima do IPCA (5,06%) e do IGP-M (8,44%).
A alta no preço dos aluguéis
Em São Paulo, o preço médio do metro quadrado (m²) para aluguel residencial é de R$ 59,19, com uma alta de 12% nos últimos 12 meses. O aumento foi ainda mais expressivo no início de 2025, quando os preços subiram 2,18%.
A alta é um reflexo direto da barreira criada pelos juros elevados. Contudo, que dificultam o acesso ao financiamento imobiliário, forçando muitas pessoas a recorrer ao mercado de aluguel.
Embora São Paulo tenha registrado alta nos preços de aluguel, a cidade de Barueri, com seus imóveis de Alphaville, mantém os preços mais elevados. Em bairros paulistanos como Itaim Bibi e Pinheiros, os valores do m² chegam a R$ 91,70 e R$ 90,90, respectivamente, com aumentos de 3,5% e 9,1% no último ano.
Demanda e oferta: Fatores de influência
Paula Reis, economista do DataZap, afirma que a alta demanda e a oferta limitada nos primeiros meses do ano elevam os preços dos imóveis.
Ela ressalta, no entanto, que há uma desaceleração no ritmo dos reajustes em comparação aos últimos anos. Em São Paulo, o Índice FipeZap de vendas de imóveis residenciais tem mostrado uma variação crescente desde setembro de 2024. Entre os bairros com os aluguéis mais valorizados estão os Jardins (22,2%), Campo Belo (21,3%) e Moema (18,2%).
A cidade de Salvador, no entanto, tem mostrado o maior aumento de preços, com uma alta de 34,61% nos últimos 12 meses, atingindo R$ 48,33 por metro quadrado.
A principal explicação para o crescimento do mercado de aluguéis, segundo Paula, está no aumento da ocupação no mercado de trabalho. Dessa forma, que impulsiona a demanda por moradia em áreas mais próximas aos centros de trabalho.
O impacto
O aumento dos preços de aluguéis tem afetado especialmente a classe média. Diferentemente das pessoas de alta renda, que muitas vezes têm acesso a recursos próprios ou à compra de imóveis, a classe média depende fortemente do financiamento imobiliário, um mercado agora mais restrito devido aos altos juros.
Além disso, esse público não recebe benefícios dos programas de moradia, que atendem apenas famílias de renda mais baixa.
Gustavo Favaron, presidente do GRI Club, que reúne executivos do setor imobiliário global, afirma que a oferta de imóveis para aluguel não tem acompanhado a crescente demanda.
Como resultado, os preços continuarão a subir acima dos índices de inflação como o IPCA ou o IGP-M, afetando principalmente aqueles que têm menos capacidade de adquirir imóveis.
A pressão do mercado
Os altos índices de juros continuarão pressionando o mercado de aluguéis, afastando o financiamento imobiliário da realidade de grande parte da população.
Para muitos, o aluguel tem se tornado a única opção viável, o que aumenta a pressão sobre os preços. Especialistas acreditam que será necessário repensar as políticas públicas de moradia no Brasil, com um foco maior na locação, para acomodar a crescente demanda por imóveis para aluguel, especialmente na classe média.