
- A revista The Atlantic divulgou conversas de autoridades americanas no Signal, expondo detalhes sensíveis sobre operações militares
- As mensagens mostram planos dos EUA contra alvos Houthi, levantando questões sobre vazamentos e segurança estratégica
- O caso reacende debates sobre a proteção de informações confidenciais em comunicações governamentais
A revista americana The Atlantic publicou nesta quarta-feira (26) o histórico completo de mensagens trocadas por autoridades do governo Trump em um grupo no aplicativo Signal.
As mensagens revelam informações sensíveis sobre planos militares dos Estados Unidos contra alvos Houthi no Iêmen, levantando preocupações sobre segurança e sigilo operacional.
Mensagens revelam planos de ataque
O material publicado inclui capturas de tela da conversa e revela que o então secretário de Defesa, Pete Hegseth, compartilhou horários exatos das decolagens de jatos americanos que participariam dos ataques.
Esse tipo de informação, geralmente tratada com extremo sigilo, poderia ter comprometido a operação caso chegasse aos adversários.
Michael Waltz, conselheiro de segurança nacional no governo Trump, criou um grupo no Signal com figuras-chave como John Ratcliffe (ex-diretor da CIA) e Tulsi Gabbard (diretora de inteligência nacional). Por um erro, o editor-chefe da The Atlantic, Jeffrey Goldberg, foi adicionado ao grupo e acabou tendo acesso completo às mensagens trocadas — incluindo discussões sensíveis sobre operações militares.
Publicação das mensagens causa reação política
A The Atlantic decidiu divulgar a íntegra das conversas após o governo afirmar publicamente que não havia informações classificadas. Apenas o nome de um agente da CIA foi omitido a pedido da agência.
O vazamento gerou uma forte reação no Congresso americano, com a Comissão de Inteligência da Câmara convocando Ratcliffe e Gabbard para depor.
Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca, desdenhou a reportagem no X, chamando-a de “mais uma farsa de um hater de Trump”.
No entanto, em um comunicado à The Atlantic, Leavitt reconheceu que as mensagens tratavam de “informações sensíveis”, reforçando a gravidade da situação.
Impacto nas operações militares
O conteúdo da conversa mostra que, poucas horas antes do ataque, Hegseth detalhou a sequência das operações. Ainda, incluindo horários de decolagem de F-18s e lançamento de drones de ataque MQ-9. Se os Houthis interceptassem essas informações, poderiam se preparar e sabotar a missão.
“11:44: O clima está FAVORÁVEL. ACABEI DE CONFIRMAR com o CENTCOM que estamos prontos para o lançamento da missão.”
“12:15: DECOLAGEM de F-18s (1º pacote de ataque)”
“13:45: Inicia a janela de 1º ataque do F-18 ‘baseada em gatilho’ (o terrorista alvo está em sua localização conhecida, então DEVE CHEGAR NA HORA – também, lançamento de drones de ataque (MQ-9s)”
“1410: Mais F-18s DECOLAM (2º pacote de ataque)”
“1415: Drones de ataque no alvo (ESTE É QUANDO AS PRIMEIRAS BOMBAS DEFINITIVAMENTE CAIRÃO, pendentes alvos anteriores ‘Baseados em gatilhos’)”
“15:36: 2º ataque do F-18 começa – também, os primeiros Tomahawks baseados no mar são lançados.”
“MAIS A SEGUIR (por linha do tempo)”
“Estamos atualmente limpos em OPSEC” — isto é, segurança operacional.
“Boa sorte aos nossos guerreiros.”13:48: “VP. Prédio desmoronou. Tinha várias identificações positivas. Pete, Kurilla, o IC, trabalho incrível.”
O caso reacende o debate sobre o uso de aplicativos pessoais para tratar de informações sigilosas e a eficácia da estratégia militar dos EUA no Oriente Médio. Além disso, a crise política pode impactar futuras decisões do Congresso sobre segurança operacional e transparência governamental.
As repercussões do vazamento devem continuar nos próximos dias, enquanto o governo e as autoridades militares avaliam os danos e possíveis consequências dessa exposição.
Confira abaixo a sequência de imagens publicadas na revista: