Veja a lista dos produtos brasileiros que Trump decidiu não taxar — e os que vão sofrer

• Aviões da Embraer, suco de laranja, fertilizantes e minérios foram poupados da tarifa de 50%;
• Café, carnes e frutas permanecem sob taxação e preocupam exportadores;
• Ações da Embraer disparam e impacto no PIB deve ser menor do que o previsto.

Exclusão de 700 produtos da tarifa extra

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu excluir cerca de 700 produtos brasileiros da tarifa extra de 40 pontos percentuais, que se somaria à tarifa base de 10%, totalizando 50%. A medida, que começa a valer no dia 6 de agosto, poupou segmentos estratégicos como a aviação civil, suco de laranja, fertilizantes, minérios e derivados de petróleo.

A isenção trouxe alívio parcial ao mercado brasileiro, especialmente para empresas como a Embraer, cujos aviões, peças, motores e trem de pouso foram excluídos da taxação. O suco e a polpa de laranja, importantes na pauta exportadora agroindustrial do país, também ficaram de fora. No setor energético, produtos como carvão, gás natural liquefeito, nafta e querosene de aviação foram igualmente preservados.

Entre os itens beneficiados estão também silício, ferronióbio, ligas metálicas, baterias, sensores, placas eletrônicas, resinas químicas, pectinas e móveis técnicos. A decisão indica que os Estados Unidos buscaram proteger cadeias produtivas internas que dependem da matéria-prima brasileira.

Setores penalizados

Apesar da boa notícia para parte da indústria e do agronegócio, setores relevantes continuarão sendo penalizados. A tarifa de 50% será aplicada a carnes, frutas frescas e café em grão, produtos nos quais o Brasil lidera as exportações globais. A ausência de isenção preocupa empresas exportadoras e deve levar o governo brasileiro a intensificar negociações diplomáticas com Washington.

Para especialistas do setor agrícola, a lista de exceções foi bem-vinda, mas a permanência de tarifas sobre alimentos básicos ainda ameaça o desempenho das vendas externas em 2025. A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) estima que os itens ainda tarifados representam cerca de US$ 5 bilhões em exportações anuais.

No mercado financeiro, a notícia provocou reação imediata. As ações da Embraer (EMBR3) subiram mais de 10%, impulsionadas pela exclusão do setor aéreo da lista de sanções. O Ibovespa avançou 0,95%, enquanto o dólar cedeu levemente frente ao real. Papéis de empresas como Suzano (SUZB3) e Vale (VALE3) também se beneficiaram.

Relatório da XP Investimentos aponta que a redução no escopo da tarifa poderá mitigar os impactos negativos no Produto Interno Bruto (PIB). Antes da divulgação da lista, a previsão era de perda de até 0,3 ponto percentual em 2025. Com as isenções, o efeito deve cair para cerca de 0,15 p.p.

Do ponto de vista político, a medida de Trump foi justificada como resposta à “ameaça incomum e extraordinária” à segurança nacional dos EUA, em referência indireta a ações do governo Lula e decisões do Supremo Tribunal Federal. A retórica tem dificultado a reação formal do governo brasileiro, que tenta evitar uma escalada diplomática antes das eleições americanas.

Reação do Brasil

Nos bastidores, o Planalto busca preservar pontes diplomáticas, mas reconhece que os setores ainda tarifados precisam de compensações. Reuniões entre o Ministério da Fazenda, o Itamaraty e lideranças empresariais estão sendo agendadas para discutir incentivos fiscais e linhas emergenciais de crédito para exportadores.

Enquanto a crise não é totalmente superada, o governo aposta na pressão de setores produtivos americanos que dependem do Brasil para tentar ampliar a lista de exceções. No entanto, o ambiente eleitoral nos Estados Unidos pode manter o impasse até 2026.